Estão em jogo direitos e conquistas sociais, diz Dilma a movimentos
A presidente Dilma Rousseff enviou, nesta sábado (16), uma carta aos movimentos sociais, na qual pede que eles mantenham a resistência democrática. "Sei que nosso governo ainda não atendeu todas as legítimas reivindicações de vocês, mas tenho certeza que nosso País tem todas as condições para vencer a crise e continuar crescendo, gerando emprego e ampliando nossa política de inclusão social (…) No entanto, somente o respeito à ordem democrática pode assegurar a reunificação nacional", disse.
Publicado 16/04/2016 18:32
Confira a íntegra:
Gostaria muito de estar com vocês neste generoso e solidário acampamento em defesa da democracia. Sei que vocês vieram para cá de todos os cantos do nosso Brasil, enfrentando viagens longas, sol inclemente e muitas, e muitas dificuldades.
Todo esse sacrifício de mulheres, homens, jovens, indígenas, negras, negros, militantes da diversidade, CUT, MST, MTST, Conam, CTB e dezenas de outras entidades, tem o meu maior reconhecimento e agradecimento. Mais que isso, reforça minha disposição de, cada vez mais, criar condições para que o nosso governo possa atender aos justos reclamos e reivindicações de todos e todas vocês.
Se não posso ir ao encontro de vocês hoje, pela necessidade de dialogar o dia inteiro com parlamentares que se mostram cada vez mais sensíveis a derrotar o impeachment, faço-me representar pelo nosso querido ex-presidente Lula. Este companheiro de todas as horas leva meu abraço e carinho a todas e todos vocês que, junto a milhões de brasileiras e brasileiros, vêm promovendo manifestações pacíficas em defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade.
O movimento de vocês, que é meu também, é uma manifestação generosa, dos mais diversos setores da sociedade, mesmo dos que não votaram em mim, dos que até têm críticas ao governo, mas não perderam a fé no Brasil e na democracia.
Como já disse em outra ocasião, a história gravará a voz de vocês, de quem se pronunciou neste grave momento, decisivo para o nosso futuro.
Amanhã, domingo, na votação do impeachment, não estará em jogo apenas o mandato de uma presidenta eleita, a primeira mulher eleita e reeleita no nosso País por mais de 54 milhões de votos. O que estará em jogo, queridas amigas e queridos amigos, é o respeito às urnas e à vontade soberana do nosso povo, fundamento dos regimes democráticos nos países civilizados.
Estão em jogo, sobretudo, direitos, conquistas sociais e os avanços que, com a participação de todas e todos vocês, o Brasil alcançou nos últimos 13 anos.
Companheiras e companheiros,
Vocês sabem que o Brasil e quase todos os países estão vivendo dificuldades econômicas.
Sei que nosso governo ainda não atendeu todas as legítimas reivindicações de vocês, mas tenho certeza que nosso País tem todas as condições para vencer a crise e continuar crescendo, gerando emprego e ampliando nossa política de inclusão social e garantia de oportunidades para todos e todas. Juntos, haveremos de reencontrar a paz e a união necessárias para retomar o rumo das mudanças.
No entanto, somente o respeito à ordem democrática pode assegurar a reunificação nacional. Por isso, dirijo-me a cada uma e a cada um de vocês para pedir que continuem defendendo a democracia no trabalho, nas escolas, nas ruas e em qualquer lugar que possam e estiverem e, sobretudo, nas redes sociais.
Vamos derrotar um impeachment sem base legal, um verdadeiro golpe contra a nossa democracia.
Não cometi crime nenhum de responsabilidade, não há contra mim qualquer denúncia de corrupção ou desvio de dinheiro público. Meu nome não aparece em nenhuma lista de recebimento de propina. Tampouco sou suspeita de qualquer delito contra o bem comum. Portanto, não é justo, não é legítimo tentarem abreviar meu mandato, que pretendo exercer, defender e honrar até o último dia, conforme dispõe a Constituição brasileira.
Por fim, quero expressar meu respeito e minhas homenagens a vocês, cidadãs e cidadãos do meu País, pessoas das cidades e dos campos, da floresta, das águas e das marés. Vocês são os guardiões e guardiãs dos valores democráticos que fazem do Brasil esta grande nação.
Despeço-me com um abraço fraterno, confiante e convencida de que a democracia vencerá amanhã, no domingo.
A democracia é o lado certo da nossa história.
Um grande e fraterno abraço.
Dilma Rousseff, Presidente da República.