Sessão de debate prossegue na Câmara com críticas ao golpe 

A sessão de discussão do parecer da comissão especial que autoriza a abertura de processo contra a presidenta Dilma Rousseff nesta sexta-feira (15), que começou às 9 horas, já ultrapassa cinco horas. A previsão é que o debate só seja encerrado no sábado (16), quando todos os partidos terão discutido a proposta. Além dos partidos, os líderes também falam nesta sessão. 

Sessão de debate prossegue na Câmara com críticas ao golpe - Agência Câmara

O líder do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA), considera o processo de impeachment “uma farsa” comandada pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O que está em curso é um golpe. E o golpe não passará”, disse ele, sendo seguido em sua fala pelos líderes do Psol, PDT e PT.

Daniel Almeida insistiu que não pode haver julgamento na ausência de crime. “Não existe crime que justifique o acatamento desse pedido de impeachment”, disse. “Se não há crime, não há que se fazer julgamento”, completou. Para ele, a defesa apresentada pela presidenta Dilma Rousseff é inquestionável e a acusação teve teor panfletário, sobre a apresentação, no início da sessão, da defesa e acusação da presidenta Dilma.

O líder do PCdoB, Cunha destacou ainda que o Presidente da Câmara, “caso tivesse um mínimo de critério”, deveria se declarar impedido de conduzir o processo por razões pessoais, já que ele e o seu Partido – o PMDB – são beneficiários diretos do impedimento da presidenta Dilma.

O líder do PDT, deputado Afonso Motta (RS), reafirmou que o partido é contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, com posição fechada. Para ele, o processo, baseado em condutas fiscais, fragiliza os chefes de Estado. “Nós estamos abrindo um precedente, uma exceção, que vai colocar em risco todos os governos posteriores, que vai questionar os governos dos estados federados e dos municípios”, disse.

Acordão: oposição e PMDB

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ), falando pela liderança do partido, afirmou que o PMDB e os partidos da oposição fizeram um “acordão” para levar o vice-presidente da República, Michel Temer, ao poder.

“Aqui há um acordão que quer por na cúpula de todos os poderes da República o PMDB nacional inclusive com o projeto Ponte para o Futuro”, acusou. Ele reafirmou que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e pediu que a Câmara faça uma avaliação racional e não apaixonada do processo.

O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) classificou o impeachment da presidente Dilma Rousseff como “golpe de Estado para levar ao poder um programa que foi quatro vezes derrotado nas urnas”. Na avaliação do parlamentar, os deputados decidem neste fim de semana se querem este golpe ou se constroem laços para superar as dificuldades.

Aprofundamento da crise

A crise atual, segundo Luiz Sérgio, é decorrência da crise política causada por aqueles que não aceitaram o resultado das urnas nas eleições de 2014, quando Dilma venceu com 54 milhões de votos. “Fica a pergunta: aquele que não foi legitimado nas urnas vai ter a autoridade moral, ética e política para conduzir a sociedade brasileira? Não, será o aprofundamento da crise”, declarou o parlamentar.

O deputado Zé Geraldo (PT-PA) disse que “nós aqui estaremos(no domingo) votando um processo de impeachment que, além de ilegal, é imoral. Já nasceu sujo.” E criticou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que resolveu acatar o pedido de impeachment em vingança à presidente Dilma, já que o PT não o apoiou no Conselho de Ética, onde enfrenta processo de cassação do mandato.

“Que vergonha! Nós aqui julgando o impeachment instalado pelo presidente Eduardo Cunha, que tentou nos chantagear no Conselho de Ética”, acusou Zé Geraldo.

Ao mesmo tempo, o parlamentar defendeu o governo, que levou programas sociais para os mais de cinco mil municípios brasileiros, independentemente do partido que ocupava o governo ou a prefeitura. “Aqui temos parlamentares que se beneficiaram de todos esses programas. Partidos que defendiam a presidenta Dilma, agora estão querendo assassinar a democracia brasileira.”