Renato Rabelo na luta contra o golpe: “uma verdadeira armação”
Era quase uma hora da tarde desta quinta-feira (14) em Brasília. Ele estava de saída para o almoço com um amigo jornalista do Valor Econômico, quando foi chamado para um evento no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Renato Rabelo, ex-presidente nacional do PCdoB e que atualmente dirige a Fundação Maurício Grabois, não podia recursar a participação em mais um ato que marcou toda a sua vida e trajetória política: a defesa da democracia.
Publicado 15/04/2016 11:21
Enquanto aguardava o início da entrevista coletiva de anúncio do lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Democracia, o líder comunista falou sobre os acontecimentos dos últimos dias que antecedem a votação do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a expectativa do resultado do processo que começa nesta sexta-feira (15) e prossegue até domingo (17).
“Estamos bastante otimistas quando a isso (barrar o golpe) e é um erro dar guarida a um governo que surge de modo indevido, que nasce com o pecado original, governo ilegítimo e de exceção. E qual a expectativa que os deputados e o povo devem ter com relação a esse governo”, avalia o líder comunista em caso do processo de impeachment ser aprovado.
Ele analisa que, com o crescimento das movimentações de rua e o engajamento de importantes setores da sociedade, como intelectuais e artistas, “vai ficando claro que é uma verdadeira armação, um processo fraudado. Eles (a oposição) querem destituir o governo e estão fazendo um verdadeiro arremedo. Todo mundo está vendo. É a classe dominante que quer alcançar o poder sem voto porque perderam as eleições quatro vezes”.
Contramão do mundo
Renato Rabelo diz que, em contatos no exterior, onde morou durante a ditadura militar, “o que eles comentam é que o Brasil está em situação de golpe e isso é um espantalho. O presidente da OEA (Organização dos Estados Americanos) disse que é uma presidenta que não tem nenhum crime, nenhum processo penal contra ela, e vai ser defenestrada. Isso coloca o Brasil na contramão do mundo que defende a democracia”, afirma Rabelo, destacando que “isso é ele que diz, não sou eu.”
Chegada a hora do momento em que a Câmara começa a fazer sua primeira votação, o líder comunista destaca a guerra psicológica que está sendo feita pela oposição ao anunciar que já tem os votos necessários para o impeachment. “Eles estão fazendo guerra psicológica, dizendo que já tem os votos, que o governo está desmantelado e para isso contam com a mídia e não é nada disso”, assegura Rabelo.
“Primeiro eles não têm os votos para o impeachment e nós estamos caminhando para ter a garantia de ter os votos para barrar o golpe. E os deputados precisam observar que não existe maioria a favor do golpe”, avalia, acrescentando que nessa luta nas ruas e no parlamento contra o golpe, “a presidenta Dilma Rousseff tem sido uma pessoa altiva e corajosa e essas são características dela. E que não vai renunciar, ao contrário, vai lutar até o fim.”
O processo de impeachment só será aceito com a votação favorável de 2/3 dos votos dos 513 deputados, ou seja 342 votos.