Governadores tentam ajudar governo a conter o golpe
Na reta final do esforço do governo para conter o impeachment da presidente Dilma Rousseff, governadores do Nordeste intensificaram o contado com as bancadas de seus Estados. Representantes de ao menos quatro Estados estão na missão por telefone ou em conversas pessoais, em Brasília.
Publicado 15/04/2016 11:41
“São os governadores do nosso campo”, disse o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), vice-líder do governo e um dos articuladores do Planalto na Câmara. Na lista de governadores estão Flávio Dino (PCdoB-MA), Rui Costa (PT-BA), Wellington Dias (PT-PI) e Ricardo Coutinho (PSB-PB).
Dino contou que já vem conversando com os deputados mais próximos desde o ano passado, mas que, nos últimos dias desta semana, começou um “esforço mais intensivo” por telefone. Disse já ter conversado com metade da bancada maranhense, formada por 18 deputados.
“Mostro as graves consequências para o País deste salto na escuridão. Apelo à racionalidade e ao bom senso. Este foi o governo eleito”, afirmou Dino.
Coutinho disse que aproveitou agendas institucionais em Brasília para fazer contato com parte dos 12 deputados paraibanos. “Não me sinto no direito de fazer pressão. Expresso o meu ponto de vista. Minha posição é clara e nítida. Minha história não me permite participar de golpe”, disse o governador da Paraíba.
No início de março, os governadores do Nordeste entregaram uma nota à presidenta Dilma, onde manifestam “repúdio a essa absurda tentativa de jogar a Nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional. Gerações lutaram para que tivéssemos plena democracia política, com eleições livres e periódicas, que devem ser respeitadas.”
Para os governadores nordestinos, “o processo de impeachment, por sua excepcionalidade, depende da caracterização de crime de responsabilidade tipificado na Constituição, praticado dolosamente pelo Presidente da República. Isso inexiste no atual momento brasileiro. Na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade”, dizem, em referência a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de aceitar o pedido, sendo ele e o seu partido beneficiários diretos do possível afastamento da presidenta eleita pelo povo.