PCdoB revoluciona a juventude de Jundiaí
Ao adentrar a porta de um dos prédios tombados pelo Condephaat no Complexo Fepasa, um aparelho de som ligado com músicas jovens dá boas vindas aos visitantes, ao olhar ao redor vários desenhos e grafites dão um ar ainda mais jovial ao espaço.
Publicado 13/04/2016 14:25 | Editado 04/03/2020 17:16
Na outra sala bancos feitos com pallets cercado por uma decoração despojada, e de muito bom gosto, é um convite para um bom bate papo.
Ao subir para o segundo andar do prédio um mural de fotos “denuncia” os responsáveis por tudo isso, são quatro jovens com muitas ideias na cabeça e também muita atitude. O local visitado é o Estação Juventude que materializou um sonho dessa turma, oferecer oportunidades à juventude de Jundiaí.
Coordenado por Narrinam Camargo (Nana), o Estação Juventude é fruto de muito trabalho da Coordenadoria de Juventude existente há três anos na cidade. Com Nana trabalham os competentes e dinâmicos Daniel Lemos, Thiago Santos e Willian Sanches, essa turma vem fazendo a diferença para a juventude da cidade.
Confira a entrevista abaixo a entrevista com Nana sobre o trabalho realizado. “A UJS e o PCdoB me deram a ternura necessária pra me sensibilizar com as contradições do mundo, mas também o pragmatismo para não ficar apenas sentada vendo a vida passar, me deu a vontade de lutar sempre, onde quer que eu esteja”.
Jundiaí até esse governo não tinha uma Coordenadoria da Juventude, como foi para você essa experiência de começar essa Coordenadoria a partir do zero?
Nana- Foi uma experiência muito interessante entrei muito nova, tinha acabado de completar 18 anos, estava aprendendo sobre tudo, não tínhamos um modelo a seguir, Jundiaí teve algumas experiências com projetos para a juventude mas nada que conseguisse mobilizar, nada que fosse uma política construída, então de fato começamos do zero.
Nossa maior dificuldade foi entender como funcionava a máquina pública, o acúmulo político, graças ao partido e a formação dentro da UJS, eu já tinha, eu sabia o que era necessário de ser feito, a grande dificuldade foi entender como se fazia dentro da administração pública, que tem um tempo muito diferente, muito distante da realidade do que precisa ser feito na prática, então acho que o choque de aprender a lidar com a máquina pública foi o maior desafio.
As dificuldades fizeram com que eu aprendesse muito, quando tivemos problemas de orçamento, por exemplo, lutamos por recursos e hoje temos um convênio com o Governo Federal, que é o programa Estação Juventude e um novo convênio com o Governo Estadual que vai começar agora dentro das escolas estaduais, além disso tivemos inúmeras parcerias com a iniciativa privada.
Acho que fizemos uma gestão inteligente, conseguimos criar alternativas para a burocracia e as limitações, sem se afastar do que era importante de ser feito.
Qual a sua avaliação sobre esses três anos da Coordenadoria?
Nana- O maior avanço desses três anos acredito eu que foi a aproximação com a juventude, eu entendi que para conseguir fazer as coisas precisávamos ter do lado a juventude, a partir disso começamos a pautar a política com base no que eles diziam.
Desde 2013 quando a Coordenadoria foi criada fizemos duas grandes conferências municipais, a primeira com cerca de 200 jovens e a do ano passado com mais de 500 jovens, um marco na gestão, com a participação de jovens de várias regiões da cidade, conseguimos colocar em prática tudo o que a gente defende na teoria no que diz respeito a participação do jovem na gestão pública.
Temos mecanismos de diálogo permanente com o jovem, seja no Estação Juventude, no Conselho de Juventude, nos grandes encontros como Plano Diretor Participativo, Plano de Segurança Pública, uma série de projetos que a gente garantiu a participação do jovem, ente outras.
Todas as atividades serviram para que o jovem entendesse que estamos aqui para dialogar mesmo, que não era só para encher o auditório quando fosse interessante ou para falar com eles de quatro em quatro anos.
O Estação Juventude completou 1 ano dia 4 de abril, sem dúvida uma grande conquista. Quais são os resultados que você pode enumerar desde a criação do Estação?
Nana- O Estação Juventude é a concretização de tudo o que a gente discute, já tivemos mais de 100 atividades, mais de 5 mil jovens passaram por aqui, realizamos ações nos bairros, criamos relação com associações de bairros, coletivos culturais, grêmios estudantis.
Além das várias oficinas oferecidas, o Estação Juventude também funciona como um espaço de convivência e uma porta de entrada do jovem para o serviço público, oferecemos um cardápio de oportunidades. Aqui no Estação, o jovem consegue ter acesso à informação sobre todos os projetos da iniciativa pública.
Maior objetivo do Estação Juventude é ajudar o processo de construção do futuro do jovem, no Estação ele pode ter contato com uma série de oficinas de temas diferentes, música, dança, gastronomia, moda e de repente se identificar com algo. É uma satisfação imensa saber que o Estação contribuiu e continuará contribuindo para a autonomia do jovem. Temos jovens que entraram na faculdade e conseguiram seu primeiro emprego, graças ao Estação.
Tanto a Coordenadoria e o Estação Juventude são comandadas por jovens, então passa a ser uma realização pessoal também. Como é isso para você?
Nana- A política se torna mais humana quando ela é pessoal, talvez seja um pouco isso que falta, empatia. Eu sou jovem, fui estudante de escola publica não tive uma vida privilegiada, sou de uma família normal, com todas as suas dificuldades e alegrias.
Tive que remar muito contra a maré para continuar na militância, na época não se discutia isso, na época o jovem tinha que estudar e no máximo trabalhar, não tinha que se envolver com a política porque a cidade não tinha essa cultura.
Para mim hoje é uma realização pessoal saber que podemos ofertar para esses jovens coisas que não tivemos, seja um cursinho pré-vestibular, tivemos informação agora no final de ano de jovens que conseguiram entrar em faculdades públicas, graças ao cursinho que fizeram aqui.
Eu me lembro que na minha época de escola eu não tinha condições de pagar para fazer um cursinho pré-vestibular e as iniciativas que tinham eram muito tímidas, e hoje poder ofertar isso gratuitamente para os jovens, sim, é uma realização pessoal também. Ver que hoje vivemos em uma cidade com muitas iniciativas estudantis, culturais e políticas, ver que o hoje o jovem tem mais liberdade de expressão e condição de se impor como sujeito de direitos na sociedade, é maravilhoso.
Dias atrás, um amigo meu me disse que foi visitar uma Escola Estadual e uma menina que me conheceu no ano passado, durante uma visita minha a escola, disse a ele que queria ser igual a mim (coordenadora de juventude) quando crescesse, isso me tocou muito. Percebi que mesmo em uma escala pequena, minhas ações influenciam muitos jovens direta e indiretamente. Hoje me esforço para ser exemplo na vida pública e na privada.
Como sua formação política ajuda na condução da Coordenadoria?
Nana- Minha consciência política e cidadã vêm da minha vivência dentro do partido, fui da UJS em uma época que não se tinha espaço de diálogo então eu sei como é ruim para um jovem adolescente que só tem sonho na mochila ver isso ser cerceado por uma administração pública tirana que não dialogava, graças a essa vivência eu sei o que eu não posso fazer e o que precisa ser feito urgentemente.
A UJS e o PCdoB me deram a ternura necessária pra me sensibilizar com as contradições do mundo, mas também o pragmatismo para não ficar apenas sentada vendo a vida passar, me deu a vontade de lutar sempre, onde quer que eu esteja.
A institucionalização das políticas públicas também é algo novo tanto para a UJS como para o PCdoB e vocês com todo o esforço na Coordenadoria acabaram virando referência para muitas cidades. Como você analisa isso?
Nana- Cada cidade tem suas características e estamos muito longe de ser o ideal, fizemos o que era mais importante e urgente, mas é muito gratificante poder trocar experiências, aliás precisamos, cada vez mais, disso para conseguirmos ocupar cada vez mais espaços.
A UJS (União da Juventude Socialista) e o PCdoB não pode ser só visto como as pessoas que mobilizam, mas sim pessoas que sentam na mesa para discutir e colocam as coisas em prática. Avalio isso como um grande desafio para nós, conseguir institucionalizar tudo o que defendemos na rua e temos ótimos quadros para isso.
A partir da nossa experiência aqui eu comecei a doar parte do meu tempo a compartilhar com os nossos camaradas essas iniciativas, então a gente teve a honra de contribuir na estruturação da coordenadoria de Osasco, que o querido camarada Diego Nogueira assumiu, já recebemos a visita de diversas cidades do Estado de São Paulo e também de outros Estados como do Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Me sinto muito feliz em conhecer essas pessoas fantásticas e poder contribuir, nem que for um pouquinho, com essas iniciativas para ajudar a nossa juventude.
O PCdoB tem uma forte militância na juventude como é a relação da Coordenadoria com esses movimentos sociais?
Nana- Por ter vindo do movimento estudantil eu entendo a importância do movimento social organizado, quem conversa todos os dias com a juventude é o movimento social, o governo tem a função de receber todas as revindicações e trabalhar em cima delas, não dá para se discutir participação da sociedade civil na gestão pública sem o empoderamento desses movimentos sociais.
Nós já construímos muita coisa em comum, temos forte ligação com os movimentos estudantis aqui da cidade, da Fatec, do Uniancheita participamos desses processos, incentivamos a criação de grêmios estudantis dentro das escolas todo o ano, participamos da reconstrução da UJES (União Jundiaiense dos Estudantes Secundaristas) e apoiamos diversos coletivos de cultura novos, que tem balançado a cidade.
O que vocês pretendem lutar para conseguir nesse ano?
Nana- Em ano de processo eleitoral nosso maior desafio é garantir que independente dos resultados das urnas o trabalho não pare, eu acho que fomos muito exitosos no que construímos até aqui, ainda há muito mais para construir.
Hoje estamos reestruturando a lei do Conselho da Juventude, teremos uma nova programação de oficinas do Estação, será lançado um Edital onde vamos escolher 12 oficinas, além de parcerias importantes, são muitas coisas acontecendo não pode haver retrocesso e sim a ampliação dos serviços. Caso aconteça uma mudança a gente consiga fazer uma transição pacifica que não prejudique o que foi construído até agora.
Como você avalia o PCdoB na Prefeitura de Jundiaí?
Nana- Eu estou no PCdoB há muito tempo e tive a oportunidade de acompanhar a construção o projeto para conquistar a prefeitura e a gente conseguiu, somos um partido de porte moderado na cidade, que nunca tinha estado dentro do Executivo e a gente conseguiu desempenhar um grande papel.
Tivemos algumas perdas significativas ao longo do processo, mas os verdadeiros comunistas abrilhantaram a gestão, deram um caráter social, humano, democrático e participativo. O PCdoB fez a diferença seja comandando grandes pastas como a Cultura, por exemplo, como nossos assessores na rua. Nós demos um caráter de povo para o governo.
Texto e fotos: Eliane Silva Pinto