Estudantes latino-americanos se mobilizam para defender Dilma
Os problemas políticos que existem no Brasil não são apenas uma questão interna dos brasileiros e afetam todas as nações na América Latina. A proposta de impedimento da presidenta Dilma Rousseff é um golpe e pode trazer grandes prejuízos para a região, interrompendo uma rota de avanços sociais, avalia Rafael Bogoni, secretário-executivo da Oclae (Organização Continental Latino-americana e caribenha de Estudantes).
Publicado 12/04/2016 15:02
“Como um de nossos principais eixos é a luta anti-imperialista, nos toca também armar fileiras e nos preparar para a defesa da democracia no Brasil. A Oclae sempre lutou contra qualquer tentativa de se acabar com a democracia, lutou contra as ditaduras militares no Brasil e na América Latina, as páginas da democracia na América Latina estão escritas com o sangue de muitos estudantes. A principal forma de defender essa herança de luta é continuar lutando e defendendo a democracia. Neste momento, não pode ser diferente. A Oclae enxerga uma tentativa de golpe. Não há outro nome. Não pode ser dado outro nome. E isso interfere no Brasil, mas também afeta outras regiões”, disse.
Ele ressalta que o modelo de golpe utilizado no Brasil é bem similar com o aplicado em outros países latino-americanos. “É importante deixar claro que a tentativa de golpe no Brasil não está desvinculada do contexto da América Latina. Está ligada aos golpes que ocorreram em Honduras, no Paraguai, as tentativas de golpe na Venezuela, o avanço da repressão e das desestabilizações econômicas na América Latina. A gente percebe isso quando parlamentares brasileiros da oposição visitam a oposição da Venezuela e discutem os rumos da América Latina. É visível a articulação da direita na região. É justamente isso que a gente precisa combater. Combater o imperialismo é isso, não é algo distante, é algo que tem a ver com o nosso cotidiano. Combater o imperialismo é defender a soberania, é defender o poder de decisão dos nossos rumos, dos direitos conquistados no último período. A América Latina vive um ciclo progressista, mesmo que algumas dificuldades por conta das tentativas de desestabilização. Nós temos grandes avanços e temos que avançar ainda mais. Precisamos avançar na luta contra o racismo, pelo direito dos estudantes, contra a homofobia”.
Rafael acredita que a atual situação está relacionada as oportunidades que os mais pobres estão tendo nos últimos anos. Segundo ele, neste ciclo de progresso no Brasil, milhões de pessoas saíram da miséria, milhões de empregos foram criados, milhões de vagas nas universidades surgiram.
“Eu mesmo sou fruto disso, estudantes de escola pública que antes não tinham a possibilidade de entrar em um curso superior por conta deste pensamento elitista que existia e existe. E é essa elite que quer barrar esta onda progressista no nosso continente. Quando atacam o Brasil estão atacando a América Latina”, conclui.