Dilma: Não discutiremos pacto sem o respeito às urnas e a democracia
Defender Dilma é defender a democracia. Esse foi o tom do Encontro com Mulheres Pela Democracia, no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (7), em apoio à presidenta Dilma Rousseff. Ela reafirmou o seu compromisso com o diálogo, mas advertiu: “Nenhum pacto pode ser discutido se não respeitar os 54 milhões de brasileiros e brasileiras que votaram em mim. Devem ser respeitados os que não votaram em mim, mas participaram das eleições e acreditam nas regras da democracia”.
Por Dayane Santos
Publicado 07/04/2016 14:37
“Nenhum pacto sobreviverá se não tiver respeito pela democracia”, completou a presidenta, acompanhada pelos gritos de “Não vai ter golpe, vai ter luta” e “No meu país eu boto fé porque ele é governado por mulher”. O plenário contou com a participação de lideranças sindicais, negras, rurais, estudantis, GLBTs, políticas, intelectuais, entre outras.
“Minhas primeiras palavras só podem ser de agradecimento pelo apoio, pela energia que vocês estão me transmitindo”, disse a presidenta.
“Estou enfrentando, desde a minha reeleição, a sabotagem de forças reacionárias e mantenho o controle, o eixo e a esperança. Eu não perco o controle, não perco o eixo e nem a esperança porque eu sou mulher. Porque me acostumei a lutar por mim e pelos que amo. Amo a minha família, o meu país e o meu povo, sempre lutei e continuarei lutando”, reforçou.
Condições para o pacto
Dilma reafirmou que desde o primeiro dia do seu mandato defende um “pacto pelo entendimento nacional” porque governa para todos os 204 milhões de brasileiros, não só para aqueles que a elegeram. “A intolerância e o ódio não servem ao governo responsável”, reforçou.
“Desde as primeiras horas, busco, busquei e buscarei consensos capazes de nos fazer superar toda e qualquer crise. Mas o entendimento ou o pacto tem como ponto de partida algumas condições: primeira, e todas as demais têm peso similar, respeito ao voto; fim das pautas bombas no Congresso, pautas que não contribuem para o país; unidade pela aprovação de reformas; a retomada do crescimento econômico; a preservação de todos os direitos conquistados pelos trabalhadores e pelo povo; e a necessária e imprescindível e urgente reforma política”, pontuou Dilma, reafirmando que “esse é o pacto que eu busco trabalhar para superar a crise”.
E acrescentou: “Tenho responsabilidade com o país, com a democracia, com o desenvolvimento econômico, com a geração de emprego e com a inclusão social”.
Golpismo midiático e vazamentos
A presidenta apontou que os “vazamentos seletivos” nas investigações foi instrumento da “trama golpista” que são “direcionados com claro objeto de criar um ambiente para propor o golpe”.
E alertou que “poderemos ter nos próximos dias muitos vazamentos oportunistas e seletivos”, mas advertiu: “Eu determinei ao senhor ministro da Justiça a rigorosa apuração de responsabilidades por vazamentos, bem como tomar todas as medidas judiciais cabíveis. Passou de todos os limites, a seleção muito clara de vazamentos em nosso país”.
Em meio a gritos de “Dilma guerreira, Cunha na cadeia!”, a presidenta rebateu o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) favorável ao impeachment. Defendendo a legalidade de seu mandato, Dilma ressaltou que a Constituição determina que a retirada do presidente somente poderá ocorrer se ficar comprovado que foi cometido crime de responsabilidade.
“Não está escrito que o presidente pode ser afastado porque o país passa por dificuldades. Num regime presidencialista é necessário ter base jurídica e política para tirar um presidente. Submeter ao impedimento ou exigir minha renúncia é um golpe de Estado sim. Um golpe dissimulado com um pretenso verniz de legalidade”, asseverou.
A campanha golpista da mídia também foi alvo de críticas da presidenta, que rebateu a capa da revista IstoÉ, que publicou reportagem de capa em que era retratada como uma mulher descontrolada. Dilma lamentou a misoginia.
“Querem dizer que mulheres sob pressão ficam descontroladas. Isso é um tipo de tratamento que constitui machismo extremamente banal. Não aceito isso. Nenhuma mulher aceita. Estive três anos presa ilegalmente e sempre mantive o controle, o eixo e principalmente a esperança”, sublinhou a presidenta Dilma.