Universidades em todo o país viram símbolo de luta contra o golpe
O movimento em defesa da legalidade está ganhando cada vez mais adeptos em todo o país e os estudantes seguem no mesmo caminho. Nas universidades, vários comitês estão sendo formados e atividades realizadas em defesa da democracia e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Publicado 23/03/2016 12:31
Estudantes, representantes de movimentos sociais e sindicais, advogados e juristas participaram, na noite desta quarta-feira (22), na Universidade Federal do Paraná (UFPR), de um ato contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Os participantes do Ato em Defesa da Democracia também criticaram a atuação do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Operação Lava Jato em primeira instância.
No evento, foram lidos manifestos de juristas e defensores públicos. Além disso, oradores atuantes na área do direito tomaram a palavra e se opuseram ao impeachment de Dilma, em tramitação na Câmara dos Deputados. Para eles, não há justificativa para uma saída precoce de Dilma da Presidência da República. Houve ainda espaço para críticas à Lava Jato, conduzida por Moro no âmbito da Justiça Federal. Moro, inclusive, leciona na UFPR.
A advogada e membro da Comissão Estadual da Verdade do Paraná, Ivete Caribé da Rocha, fez um paralelo entre a situação de Dilma e a do presidente João Goulart, que foi destituído do cargo por um golpe de Estado em 1964. Para Ivete, há, entre a sociedade, uma disseminação de ódio semelhante à que Goulart sofreu quando tentou implementar as chamadas reformas de base (medidas de reestruturação de diversos setores econômicos e sociais).
UNB
Na noite desta quarta-feira (22), Na Universidade de Brasília (UNB), ocorreu o lançamento do Comitê da UNB em defesa da Democracia. No debate “Brasil para onde vamos? – Análises sobre a crise e o risco de uma ruptura democrática”, participaram a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE) Carina Vitral, Marcelo Lavenére, ex-presidente da OAB, Samuel Pinheiro, embaixador. Participaram da atividade mais de 300 pessoas, entre estudantes e professores.
Unimep
Na Unimep, universidade localizada em Piracicaba, São Paulo, também na noite desta quarta-feira (22), estudantes lotaram o auditório para debater o contexto político atual e fazer a defesa da democracia.
PUC-SP
Mobilizados desde a manhã desta terça (22), estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) permaneceram em manifestação durante o período da noite, denunciando a truculência da Polícia Militar que utilizou bombas de efeito moral e balas de borracha para intimidar estudantes que protestavam contra o impeachment de Dilma Rousseff na noite desta segunda-feira (21).
A reitoria da PUC enviou um ofício ao governador Geraldo Alckmin e ao secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, rechaçando a postura da Polícia Militar no episódio.
Em uma página no Facebook, os estudantes da universidade afirmam que assim como no passado, a PUC estará à frente na luta pela democracia. “A PUC-SP, palco de resistência histórica contra regimes militares, reitorias golpistas e avanços da igreja, deve se colocar na luta contra o avanço dessa ascensão fascista que assombra nossa conjuntura.”
Próximas atividades
Os estudantes da Mackenzie também aderiram ao comitê a favor da democracia. Nesta quarta-feira (23), ocorrerá um ato na rua Maria Antônia, às 18 horas, contra o golpe.
O comitê em defesa da democracia afirma que a história da opressão não pode se repetir: “Em 1968 ocorreu a épica batalha da Maria Antônia, onde estudantes da USP e Mackenzie se enfrentaram. Na época o regime militar apoiou os estudantes do Mackenzie, estudantes esses que eram simpatizantes do regime, sendo alguns deles ligados ao CCC Comando de Caça aos Comunistas.
Por isso nos estudantes de esquerda da Universidade Mackenzie resistimos, e hoje realizaremos um grande ato em defesa do nosso povo. Para dizer que a História não se repetirá. Não vai ter golpe”.