Carlos Campelo: O ódio procura a verdade ou ela o desconstrói?

Por *Carlos Campelo

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Com toda essa mídia inflamando e tomando partido, criando salvadores da pátria num emaranhado de manobras "legais", humilhações coercitivas e delações, muitas delas questionáveis, um significado importante se perdeu. Esse significado, o conceito, essa coisa é a verdade.

O que, em nós, nos faz buscar a verdade?

Será nossa genialidade e sabedoria? Ou será as nossas mentes brilhantes adquiridas pelo esforço e pelo "mérito"; nossa seletividade partidarizada ou os nossos corações apaixonados que insistem em dividir o mundo, as religiões e a política, no eterno dualismo do bem e do mal?

Se não olhamos a verdade e a justiça com a neutralidade possível e isenção necessária, o que deveria ser o obvio, mas sim pelos valores que carregamos adquiridos ao longo da nossa formação e formulados ideologicamente nas nossas mentes, onde paira o temor, anseios, vitórias e frustrações e onde se produz o ódio que transforma os atributos comuns e coletivos em vontades individuais, em verdades e conceitos absolutos. E também preconceitos. Produz o pior dos preconceitos, o de classe.

Com este olhar, neste caso justificado pelo senso comum, midiático, partidário e seletivo, pender a balança da justiça somente para um lado. Se for este o caso, o primeiro questionamento a sua verdade, é:

O Lula é um desgraçado, criminoso, sem credibilidade?

Até que se impute a culpa, a mesma seja comprovada, seja condenado e apareça a verdade material ou real, me parece que não. Ao contrário, é um cidadão livre como eu e você.

Questiono qual o valor atribuído à palavra do Lula dentro de um depoimento juramentado? Da presunção de inocência? Ou seja, isso faz do seu testemunho mais ou menos verdadeiro diante de um processo? Nos autos do processo, o ônus da prova não cabe a quem acusa? E a ele e seus advogados, cabe garantir a ampla defesa permitida pela lei e pela Constituição.

Como último questionamento, pondero se somos todos iguais aos olhos da lei?

Não acredito neste sofisma e nesta máxima acadêmica de cunho positivista, porque o "togado" por trás da justiça é humano, os olhos da lei são humanos, seus e meus. E até que possamos nos ver como iguais, a justiça não será imparcial. Ela nada será além de um reflexo de nossos próprios preconceitos, preferências ideológicas, partidárias e revanchistas.

Então, onde estará aquela "coisa", aquele conceito que me referi no início do texto?

A verdade…

*Carlos Campelo é mestrando em Administração e Secretário Executivo de Esporte e Lazer de Fortaleza

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