“EUA levam a cabo guerra geopolítica na Bolívia”, diz Evo Morales

Em entrevista ao canal de televisão Cadena A, o presidente Evo Morales denunciou a guerra geopolítica travada pelos Estados Unidos na Bolívia para tenta criar obstáculos para a entrada das empresas chinesas e bolivianas em seu país.

Evo Morales

Segundo Evo, o plano de Washington é colocado em prática em seu país por meio da elite local que faz reiteradas acusações às empresas russas e chinesas que pretendem se instalar no país andino. O presidente qualifica os ataques contra as empresas russas e chinesas como “parte da guerra geopolítica”.

Desde 2006, quando Evo assumiu a presidência, a presença do capital chinês no país aumentou. Este desafiou as empresas norte-americanas que, por sua vez, sofreram fortes limitações – o presidente boliviano nacionalizou a maior empresa de gás, a maior emissora do país e uma série de empresas petrolíferas, o que foi benéfico para a China. É por isso que as empresas chinesas bem como o presidente da Bolívia se tornaram alvo de ataques geopolíticos por parte dos Estados Unidos.

Na opinião do especialista russo em assuntos da América Latina, Mikhail Belyat, o presidente descreve uma situação como ela é na realidade. De acordo com ele, os norte-americanos tentam evitar que as empresas chinesas penetrem na América Latina, especialmente as empresas industriais, com forte componente científico e capital intensivo.

Pode ser que o escândalo ao redor da empresa chinesa Canc seja uma parte da política norte-americana para restaurar a sua antiga influência na Bolívia. A oposição afirma que a empresa conseguiu assinar contratos de muitos milhões com o governo boliviano devido ao fato de que a ex-companheira de Morales, Gabriela Zapata, é diretora comercial da empresa. Morales desmentiu as informações, dizendo que não fala com Zapata há já 10 anos e não a ajudou no trabalho.

Em 26 de Fevereiro, a polícia boliviana deteve Gabriela Zapata. O ministro dos Assuntos Internos da Bolívia, Carlos Romero, disse tratar-se de acusações públicas relacionadas com o apoio ilegal à empresa chinesa, por exemplo, o envio de cartas para vários departamentos por parte do governo.

Na opinião do especialista russo Aleksandr Kharlamenko, do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, a empresa chinesa, com efeito, não recebeu quaisquer preferências.

“Quando a empresa violou algumas leis foi sujeita a sanções. Já antes do recente referendo, Evo Morales e o vice-presidente Álvaro García Linera declararam que todas as violações por parte da empresa foram sancionadas segundo a lei”, disse.

Kharlamenko afirmou que Gabriela Zapata não trabalha para a empresa há tempo. Entretanto, os seus irmãos tiveram encontros com a oposição e diplomatas norte-americanos. Provavelmente, quiseram tirar dividendos financeiros e políticos. Este escândalo, na opinião do especialista, bem como os que envolvem o ex-presidente brasileiro, Lula, e o vice-presidente uruguaio, foram criados do nada. É o método habitual de Washington de desacreditar e livrar-se de políticos “inconvenientes”.