Publicado 14/03/2016 16:13
A leitura é de chorar.
Simples meganhagem, especulação, arapucas.
Lula diz, logo ao início, que não participava da administração financeira ou organizacional do Instituto que leva seu nome.
No entanto, as poucas perguntas que guardam alguma materialidade – e repetidas várias vezes – versam exclusivamente sobre isso.
O delegado ficou pedindo detalhes de informações contábeis mesmo depois de ter-lhe sido dito que tais coisas não eram tratadas pessoalmente por Lula, o que é ocioso, portanto.
O resto é pura bisbilhotice.
“Delegado da Polícia Federal:- Sim. Como eu já adiantei para o ex-presidente, ele envolve reformas e aquisição e registro da propriedade do sítio em Atibaia, eventuais reformas e registro de propriedade do flat…
Delegado da Polícia Federal:- O que interessa para nós…
Declarante:- Que o cidadão conta uma mentira e eu sou obrigado a ficar respondendo a mentira dele.
Delegado da Polícia Federal:- Mas se o senhor não responder quem vai responder?
Declarante:- Um cidadão que é membro do Ministério Público, que fica a serviço da Globo, do Jornal Globo, da Revista Veja, fazendo insinuações e eu tenho que responder? Ele que diga, ele que prove, no dia que ele provar que o apartamento é meu alguém vai me dar o apartamento, ou o Ministério Público vai me comprar o apartamento ou a Globo me compra o apartamento, ou a Veja me compra o apartamento, ou sei lá quem vai me comprar o apartamento, o que não é possível é que a gente trabalhe tanto para criar uma instituição forte nesse país e dentro dessas instituições pessoas que não merecem estar nessa instituição estejam a serviço de degradar a imagem de pessoas, não sou eu que tenho que provar que o apartamento é meu, ele é que vai ter que provar que é meu, ele vai ter, eu espero que ele tenha dinheiro para depois pagar e me dar o apartamento, eu já estou de saco cheio disso, essa é a verdade, estão gravando aqui para ficar registrado. Eu estou de saco cheio de ficar respondendo bobagens.
Declarante:- Hein?
Delegado da Polícia Federal:- Início, meio ou fim de 2013?
Declarante:- Eu acho que no começo de 2013 eu estava muito ruim da garganta, estava muito inchado e a garganta ficava irritada por qualquer coisa.
Delegado da Polícia Federal:- Foi de tanta palestra em 2011, então.
Declarante:- Hein?
Delegado da Polícia Federal:- Foi de tanta palestra, né.
Mas tome de bisbilhotice sobre as palestras pagas a Lula:
Declarante:- Só para repetir, quem me contrata paga tudo.
Delegado da Polícia Federal:- Perfeito, perfeito.
Declarante:- Aqui e no exterior.
Delegado da Polícia Federal:- Qual é o tipo de hospedagem que o senhor exige nessas palestras, quando o senhor se desloca?
Declarante:- As que tem.
Delegado da Polícia Federal:- Não faz exigência de…
Declarante:- Não faço exigência porque, você sabe o que acontece, eu cansei
de ficar em apartamento e a única coisa que eu utilizava era o banheiro de manhã e a cama durante 6 horas, então eu fico no apartamento que tiver.
Se Lula não é presidente, não é servidor público, se a palestra é um negócio privado, qual é o interesse em saber “o tipo de hospedagem”? Vá perguntar para a Madonna ou aos Rolling Stones, Doutor Delegado…
Eu poderia continuar selecionando dúzias de barbaridades. Referências à Petrobras entram uma ou duas vezes, apenas para justificar uma suposta ligação com a Lava Jato. As perguntas sobre Bumlai são de doer, totalmente sem objetivo.
Nada que justificasse um depoimento, muito menos ainda um dado sob condução coercitiva.
Apenas um espetáculo de força e autoritarismo.