Dilma ao Aécio: Pedir renúncia é admitir que impeachment não tem base

Em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (11), a presidenta Dilma Rousseff rebateu as declarações do presidente nacional do PSDB e candidato derrotado nas urnas em 2014, o senador Aécio Neves, que pediu a renúncia da presidenta.

Dilma Coletiva de imprensa

“A renúncia é um ato voluntário. Aqueles que querem a renúncia estão reconhecendo que não há uma base real para pedir a minha saída desse cargo. Portanto, por interesses políticos de quem quer que seja, por definições de quem quer que seja, eu não sairei desse cargo sem que haja motivo para tal”, afirmou Dilma. “Mesmo porque aqueles que pretendem a minha renúncia deviam proceder de acordo com a Constituição", acrescentou.

“Solicitar a minha renúncia é reconhecer que não existe base para impeachment. Ou então tentem o impeachment, e nós vamos disputar isso, nós vamos discutir com a sociedade, com o país inteiro por que querem tirar um presidente legitimamente eleito. Não há base para qualquer ato contra a minha pessoa”, declarou.

Questionada por jornalista se estaria “resignada” diante de um eventual afastamento, a presidenta afirmou que a sua trajetória de vida demonstra que não é do seu perfil estar resignada frente a dificuldades.

“Eu não estou resignada diante de nada. Não tenho esta postura diante da vida. Acredito que é por isso que represento o povo brasileiro… Fui presa, fui torturada pelas minhas convicções. Eu devo ao povo brasileiro respeito aos votos que me deram”, disse durante a coletiva. “Não estou resignada. Não tenho essa atitude diante da vida”, salientou.

Para Dilma, “não é absolutamente correto por parte de nenhum líder da oposição pedir a renúncia de um cargo de presidente legitimamente eleito pelo povo, sem dar elementos comprovatórios de que eu tenha, de alguma forma, ferido qualquer inciso da Constituição ou qualquer previsão que haja na Constituição para meu impeachment”.

Lula

Sobre o pedido de prisão preventiva feito por procuradores do Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente Lula, Dilma considerou que “passou de todos os limites” e ressaltou que seu governo repudia em “gênero, número e grau”.

“Não existe, e acho que isso é quase consenso entre os juristas, base nenhuma para esse pedido. É um ato que ultrapassa ao bom senso, é um ato de injustiça e é um absurdo que um país como o nosso assista calmamente um ato desse contra uma liderança política responsável por grandes transformações no país e respeitado internacionalmente.”

Os jornalistas também questionaram sobre as especulações que circulam na imprensa de uma possível nomeação de Lula para ministro do governo. Dilma enfatizou que não discute como forma o ministério com a imprensa. “Teria o maior orgulho de ter o presidente Lula no meu governo porque ele é uma pessoa com experiência, com grande capacidade de formulação de políticas – e estou dizendo da capacidade gerencial do presidente Lula – e por isso posso garantir que teria um orgulho de tê-lo no meu governo. Mas não vou discutir com você se ele vai ser ou não vai ser”, pontuou.