Crise na Usiminas 2016
Os reflexos da crise na Usiminas chegou aos trabalhadores a partir de maio do ano anterior, quando a Usiminas informou que havia programado o "abafamento" de dois altos-fornos: um em Ipatinga/MG e outro em Cubatão/SP. Em decorrência disso houve o desligamento de centenas de trabalhadores das empresas terceirizadas – manutenção, limpeza, alimentação, transporte e segurança.
Na opinião do secretário de Previdência e Aposentados da Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal)l, Uriel Villas Boas, a pior notícia chegou em outubro: a Usiminas anunciou que deixaria de produzir aço na usina de Cubatão, onde permaneceria apenas com as laminações, realizando o acabamento de placas vindas de Minas Gerais.
Demissões
Segundo vice-presidente do Sindicato dos Siderúrgicos e Metalúrgicos da Baixada Santista, Claudinei Rodrigues Gato, foram homologadas mais de 1,1 mil demissões desde outubro de 2015. A empresa anunciou, no início de fevereiro, que o total de demissões será de 1,8 mil funcionários na Baixada. No entanto, Gato informa que 30 mil postos de trabalho correm risco ao se contabilizar toda a cadeira produtiva, entre trabalhadores diretos e indiretos.
Para Uriel Villas Boas, “fala-se muito na redução do efetivo da empresa, mas os terceirizados também são em grande número demitidos. Além disso, a Usiminas fornecia produtos para outras empresas, como para a fabricação de cimento. Paralisando suas atividades, não há mais esse fornecimento e pelo menos duas fábricas, a Votoran e Santa Rita, em Cubatão, deixarão de produzir cimento”.
Alternativas
O dirigente da FITMetal, observa que o possível encerramento das atividades na Baixada Santista terá consequências em todo o Estado de São Paulo. “É preciso insistir na mobilização que começa na classe trabalhadora de todas as categorias e passa pelo sistema empresarial, que não fica limitado a uma cidade. É fundamental não apenas a manifestação, mas a participação efetiva do Governador de São Paulo, seguindo o exemplo do Governador de Minas Gerais”, comenta.
Dessa maneira, Uriel entende que para recuperar o setor siderúrgico medidas urgentes são necessárias. O secretário sugere algumas, como: recuperação das atividades de estaleiros navais e de fábricas de material ferroviário, levando em conta projetos de extensão do sistema ferroviário brasileiro; implementação de projetos habitacionais com o uso de estrutura de aço; taxação do aço importado para evitar a concorrência atual; e diminuição do nível de impostos federais e estaduais sobre o setor.
Crise
Estima-se que a dívida da siderúrgica Usiminas fechou 2015 em R$ 3,7 bilhões e chegará a R$ 6 bilhões até 2018. De acordo com o secretário de Previdência e Aposentados da FITMetal, Uriel Villas Boas, nos últimos anos a empresa entrou em um processo de acumulação de dívidas diante da diminuição das exportações motivada pela crise internacional da economia. Outro fator considerado é a concorrência com a produção de aço chinês.
Nesse período a siderúrgica também passou por sérios problemas administrativos, indica Uriel. O grupo japonês Nippon Steel passou a dividir o controle acionário da Usiminas com o grupo ítalo-argentino Ternium/Techint. No momento os acionistas tentam uma capitalização para evitar uma recuperação judicial.
“Como qualquer empresa, pública ou privada, a Usiminas teve acesso a verbas do BNDES para aumentar a produção, em Ipatinga (Minas Gerais) e Cubatão (São Paulo). Hoje, alegam que a crise na economia tem influência sobre a situação pela qual estão passando”, crítica o secretário, ao observar que a empresa se utilizou de verbas públicas.
Uriel enxerga que até mesmo os acionistas brasileiros, que são minoritários, atuam para atender interesses de grupos econômicos. A Usiminas Mecânica, braço da multinacional, foi colocada à venda para diminuir o que alegam ‘ser prejudicial às atividades’. “Como acontece em qualquer setor empresarial, a Usiminas não tem preocupação com o emprego e os efeitos de suas atividades no campo social”, diz.