Snowden diz que não é só a Apple que pode vigiar seu iPhone
Edward Snowden, o ex-agente dos serviços de inteligência dos EUA cujas revelações provocaram em 2013 um debate global sobre a vigilância em massa de cidadãos, desmentiu a alegação do FBI de que só a Apple pode desbloquear o iPhone 5C de um dos dois autores do atentado que matou 14 pessoas, em dezembro, no condado de San Bernardino, Califórnia.
Publicado 09/03/2016 16:17
O FBI diz que só a Apple pode desativar certas proteções dos códigos de acesso no iPhone, o que permitiria aos agentes tentar adivinhar a senha sem o risco de perda de dados. Em sua configuração normal, o sistema de segurança da Apple elimina os dados do telefone caso o usuário erre o código após várias tentativas.
Falando por meio de videoconferência para um debate sobre democracia a partir de Moscou, Snowden fez a seguinte observação, segundo reporta o jornal The Guardian nesta quarta-feira (9):
"O FBI diz que a Apple tem os 'meios técnicos exclusivos' para desbloquear o telefone. Respeitosamente, isso é lorota [bullshit, em inglês]."
Em seguida, o ex-agente asilado na Rússia passou a tuitar seu apoio a um relatório da ONG União Americana pelas Liberdades Civis segundo o qual as alegações do FBI sobre o caso são fraudulentas.
Na última segunda-feira (7), durante o talk-show de Conan O’Brien, o cofundador da Apple Steve Wozniak também se manifestou contra a agência federal de inteligência e a favor da Apple.
"A Verizon [maior operadora de celulares dos EUA] entregou todos os registros das ligações telefônicas e das mensagens SMS. Eles [o FBI] querem tomar este outro telefone que os dois [atiradores de San Bernardino] não destruíram, que era um telefone de trabalho. É tão idiota e inútil esperar que haja algo nele e obrigar a Apple a expô-lo", pontuou Wozniak.
No caso, trata-se de um aparelho que estava sendo usado por Syed Farook, um dos atiradores de San Bernardino, mas que era de propriedade de seu empregador, a administração do condado.
O confronto da Apple com o FBI chega ao tribunal federal este mês para debater se a fabricante de smartphones deve ser forçada a enfraquecer as configurações de segurança no iPhone do atirador.
Segundo o diretor-executivo da companhia, Tim Cook, ajudar o FBI a hackear o celular fundaria um “precedente perigoso” no que diz respeito às liberdades civis. A Apple esclarece que o governo dos EUA quer que a empresa crie uma nova versão do sistema operacional do iPhone, sem várias características de segurança essenciais, para instalá-lo no aparelho do atirador.