Presidente da CTB diz que é hora de desmascarar mídia e tomar as ruas
Vivemos hoje no Brasil uma conjuntura política de extrema gravidade. Estamos diante de uma feroz ofensiva golpista protagonizada pelas forças conservadoras (de direita e extrema direita) que têm por alvos principais a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o maior líder popular da nossa história.
Por Adilson Araújo*
Publicado 09/03/2016 19:15
Por trás deste movimento, atuando muitas vezes nas sombras, como forças ocultas, encontram-se interesses poderosos, entre os quais sobressaem os do imperialismo estadunidense. Este atua também na Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador e outros países latino-americanos e caribenhos com o mal disfarçado propósito de reverter a mudança geopolítica do continente sinalizada pela rejeição da Alca, criação da Celac, Unasul e Alba, e recompor sua hegemonia.
Os sujeitos políticos do golpismo, capitaneados pelos tucanos, contam com forte apoio em setores do Poder Judiciário e Polícia Federal, bem como a desavergonhada cumplicidade dos meios de comunicação monopolizados pela burguesia, sob a liderança da Rede Globo, próspero e diabólico rebento do regime militar.
Sob a bandeira de um falso moralismo e agindo como “justiceiros” à margem da Constituição, atropelando direitos fundamentais dos indivíduos, os golpistas transformaram a operação Lava-Jato num instrumento para destruir o PT, derrubar o governo Dilma e humilhar e se possível prender o ex-presidente Lula, que há poucos dias foi vítima de uma condução coercitiva ilegal e autoritária.
É preciso ter consciência de que o alvo não é só Lula ou Dilma, mas a nação, cuja soberania já está sendo empenhada pelos golpistas (como indica o projeto de Serra sobre o pré-sal), e o povo em geral. A classe trabalhadora brasileira e os movimentos sindicais que a representam são e serão certamente as principais vítimas da investida reacionária, cabendo alertar neste sentido que no Congresso Nacional, cada vez mais na contramão dos interesses democráticos e populares, 55 projetos de lei ameaçam direitos sociais.
Na agenda da direita golpista constam restrições crescentes das liberdades e da democracia, ataques à soberania nacional com a entrega da Petrobras e do pré-sal e completa submissão a Washington, bem como a privatização da CEF e BB, a extinção de conquistas como a lei da valorização do salário mínimo, a reforma trabalhista com terceirização generalizada e a prevalência do negociado sobre o legislado.
As forças conservadoras que querem o golpe são as mesmas que no passado conspiraram e agiram para levar Getúlio Vargas ao suicídio, depor João Goulart e instalar um regime militar em nosso país. Àquela época, como agora, contaram com o apoio do governo imperialista dos EUA.
Não podemos nos iludir a este respeito. Neste momento nosso maior desafio é o de iluminar a consciência do povo com a realidade mais profunda dos fatos, que está longe de coincidir com as aparências manipuladas, exploradas e massificadas pela mídia capitalista.
Os golpistas dispõem de meios infinitamente mais poderosos do que os nossos para divulgar suas mentiras e meias verdades. Mas temos a nosso favor a verdade.
É imperioso intensificar o trabalho de conscientização e mobilização da classe trabalhadora nas bases dos nossos sindicatos, esclarecer o povo brasileiro sobre os reais interesses e atores envolvidos no jogo político, denunciar e desmascarar as mentiras da mídia burguesa e ganhar a batalha das ruas, que se tornaram arena decisiva da luta de classes. É hora de mobilização total contra o retrocesso neoliberal e o golpismo, em defesa da democracia, da soberania nacional e da valorização do trabalho.
*Adilson Araújo é presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)