No Rio, estudantes se mobilizam contra a precarização do ensino
Salas superlotadas, falta de merenda, infraestrutura sucateada e ausência de professores. Isso resume o início do ano letivo no estado do Rio de Janeiro. Desde o primeiro dia de aula, os estudantes cariocas lidam com uma política de educação deplorável nas escolas públicas.
Publicado 02/03/2016 15:59
Em protesto ao descaso com que o Governo do Estado vem tratando a situação, estudantes, pais, professores e funcionários públicos realizam mais um ato contra o desmonte dos serviços públicos nesta quarta-feira (2). A concentração da manifestação ocorre a partir das 13h, na Cinelândia, de onde os secundaristas partem em direção à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) com o objetivo de unir forças aos docentes e demais servidores.
“A educação do Rio está lidando com o descaso do governo. Há uma confusão para saber qual instituição receberá merenda. Os professores e funcionários estão com salários atrasados. As verbas para investir na estrutura básica não chegam. Realmente a situação é extremamente preocupante”, afirma Isabela Queiroz, presidenta da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (Ames).
Durante o ato, está prevista a deflagração de greve por parte dos funcionários públicos da educação. Em apoio à luta dos professores, os estudantes criaram um evento no Facebook chamado #TireSeuPezãoDaMinhaEducação. O nome escolhido faz menção ao atual Governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, que é o responsável pela falta de investimentos no setor.
De acordo com os estudantes, a ausência de investimento é resultado de uma gestão que não prioriza o futuro do Brasil e busca mascarar a realidade do estado para agradar os turistas que vêm acompanhar as Olímpiadas em agosto deste ano.
“O nosso governador subsidia a SuperVia em 40 milhões de reais e encobre os problemas da cidade com projetos banais para tentar atender as Olimpíadas. Os jogos olímpicos deveriam ser um saldo positivo para o Rio, com o objetivo de estimular a economia do Brasil, mas infelizmente estão deixando um legado negativo, já que a educação, que é o futuro do Brasil está ainda mais sucateada. A verdade é que educação não é prioridade para o nosso governador”, conta Isabela.
As escolas técnicas do estado do Rio de Janeiro também estão em crise. Os estudantes denunciam falta de merenda, papel para fazer provas e até de papel higiênico. Além disso, afirmam que a demissão de funcionários terceirizados prejudica o funcionamento da escola.
Na última semana, muita das instituições técnicas receberam quase diariamente algum tipo de intervenção por parte dos secundaristas, como forma de protestar contra a atual situação da rede.
A Escola Técnica Estadual República (Eter), por exemplo, realizou um “abraçaço” no prédio no dia 22, contra os problemas com a merenda e a qualidade do ensino.
“Queremos bandejão aberto e com comida de qualidade, queremos lanche na validade em todas as unidades da Faetec, queremos prioridade na educação do governo do estado. Chega de descaso!”, escreveu o Grêmio da Instituição nas redes sociais.