Exportações crescem e balança comercial tem superavit de US$ 3 bi
A balança comercial brasileira teve superavit de US$ 3,043 bilhões em fevereiro. Isso significa dizer que as exportações foram maiores que as importações. Trata-se do melhor resultado para meses de fevereiro desde o início da série histórica da balança, em 1989. Diferente de outros meses, em que o resultado foi positivo graças à queda nas importações, desta vez, há mais razões para celebrar: as vendas externas subiram 4,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Publicado 01/03/2016 18:52
Além disso, não era registrado superavit para o mês desde fevereiro de 2012, quando a balança comercial ficou positiva em US$ 1,7 bilhão. Os dados foram divulgados nesta terça (1) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em janeiro, o superavit de US$ 923 milhões da balança comercial também quebrou um jejum de saldos positivos para o mês, que já durava cinco anos.
O resultado positivo de fevereiro decorreu de US$ 13,348 bilhões em exportações e US$ 10,305 bilhões em importações. As vendas externas cresceram 4,6% sobre fevereiro de 2015 e 24,9% em relação a janeiro de 2016. O cálculo é segundo o critério da média diária, que mede o valor negociado em dólares por dia útil.
A comparação com 2015 representou o primeiro crescimento das exportações ante o mesmo mês do ano anterior em 17 meses. A última vez que as vendas externas haviam subido foi na comparação anual entre agosto de 2014 e agosto de 2013.
Nos últimos meses, as exportações estavam em queda, e a balança só vinha ficando positiva em função de recuos ainda mais acentuados das importações. Do lado das compras do Brasil no exterior, houve queda de 34,5% no volume diário negociado em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2015, e crescimento de 5,1% ante janeiro de 2016.
Efeito do câmbio
O ajuste na taxa de câmbio é o principal responsável por tornar as empresas brasileiras mais competitivas no exterior. Se o real valorizado frente ao dólar dificultava a vida do exportador, agora com a moeda brasileira em outro patamar, mais desvalorizado, é possível às empresas usar a vantagem cambial para reduzir preços de exportação, tornando a venda do produto nacional mais vantajosa fora do país.
"O câmbio mudou de patamar e está se estabilizando e isso se reflete nas exportações", explicou o diretor do Departamento de Estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Herlon Brandão.
Setores
Outro ponto positivo foi o bom desempenho dos produtos manufaturados, cujas vendas aumentaram 9,6% em fevereiro. A participação dos industrializados no total das exportações subiu de 40,3% para 41,5% nos últimos 12 meses. Já as exportações de semimanufaturados cresceram 14% em fevereiro.
A venda de automóveis foi um dos destaques do período. As unidades exportadas aumentaram de 27,5 mil em fevereiro de 2015 para 51 mil no mesmo mês deste ano, um crescimento de 85,5%. O valor exportado passou de US$ 397 milhões para US$ 604 milhões no mesmo período, incremento de 52,1%. Os técnicos do ministério abarcam vários produtos sob a nomenclatura automóveis: ônibus, automóveis de passageiros, comerciais leves e caminhões.
A melhoria no setor foi influenciada pelas vendas para o México e Argentina. "Houve a renovação do acordo automotivo com os países e o setor também vem sendo favorecido pelo câmbio, o produto brasileiro ficou mais competitivo", disse Brandão.
Segundo ele, o ministério espera que o bom desempenho seja perene. "O comércio internacional demanda uma inserção. Uma vez que a empresa alcança as exportações, o interessante é que ela mantenha esse cliente conquistado", disse ele. Segundo Brandão, para este ano, o Ministério do Desenvolvimento continua projetando um superavit comercial de US$ 35 bilhões, com crescimento de exportações.
Ele ressaltou que os carros de passeio são os mais vendidos aos mexicanos e argentinos. No mês passado, as exportações brasileiras globais para o México cresceram 4,1% e, para a Argentina, 5,1%, ambos na comparação com fevereiro de 2015. Segundo Brandão, os veículos puxaram os aumentos.
"A Argentina está absorvendo mais por conta do valor absoluto. Mas, em termos relativos, o México cresce mais. A Argentina, no primeiro bimestre, teve alta de 100% em quantidade de automóveis vendidos e o México, de 140%."