Adilson:Onda neoliberal põe em risco projetos da América Latina 

O presidente nacional da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) Adilson Araújo afirmou nesta quinta-feira (25) em Portugal que a América Latina vive um momento de ataque ao “processo de mudanças geopolítico e integração dos países da região”. O discurso foi feito na Conferência Sindical Internacional organizada pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses com o tema  “Trabalho com direitos, contra a exploração, pela paz e solidariedade”.

13º Congresso da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses CGTP-IN - Divulgação

O dirigente brasileiro apontou em seu discurso que o desemprego, que também se manifesta no Brasil, é um dos fenômenos globais resultantes da ofensiva capitalista, que vê nas medidas neoliberais a única saída para a crise mundial. São situações que, segundo ele, se repetem “de norte a sul do planeta”. O Congresso acontece na cidade de Almada e se encerra neste sábado (27). 

A conferência  reuniu na quinta-feira 120 sindicalistas representando 88 centrais em todo o mundo. 

Confira o discurso do sindicalista na íntegra

Companheiros e companheiras,
Testemunhamos hoje, em todo o mundo, uma ofensiva capitalista brutal contra a classe trabalhadora. Desemprego em massa, redução de direitos, arrocho dos salários, alongamento ao invés de redução de jornadas, corte de aposentadorias, flexibilização e precarização das relações de produção são fenômenos globais, que podem ser observados de Norte a Sul do planeta, com raras e honrosas exceções.
As potências imperialistas intensificam as iniciativas agressivas em todas as esferas para submeter governos e povos. Atropelam o direito à soberania e autodeterminação das nações, semeando guerra e barbárie. Provocam tragédias como a dos imigrantes no Mediterrâneo. Respaldam os crimes de Israel contra os palestinos. Derrubam governos no leste europeu, na América Latina, África e Oriente Médio. Favorecem a ascensão da extrema direita ao poder na Ucrânia, afrontando a Rússia. Estimulam e financiam o terrorismo na Síria e em todo o Oriente Médio.
Na América Latina as forças progressistas enfrentam uma forte onda conservadora que pode comprometer o processo de mudanças geopolítico e integração dos países da região sinalizado pela derrota da Alca, bem como pela criação da Alba, Unasul e Celac, entre outros acontecimentos.
É preciso acrescentar que a natureza imperialista desses atos é obscurecida e mascarada pela formidável campanha de desinformação realizada pelos monopólios midiáticos, que manipulam os fatos e apresentam uma versão invertida da realidade, em que agressores viram agredidos e os crimes e barbáries do “Ocidente” são cometidos em nome da democracia, dos direitos humanos e da civilização. O imperialismo é hoje o império da mentira e da hipocrisia.   
A ofensiva do capital contra o trabalho e do imperialismo contra a soberania das nações são a resposta neoliberal que as classes dominantes, capitaneadas pela aristocracia financeira e lideradas por Washington, advogam e apresentam como única saída para a crise do sistema capitalista e da ordem mundial imperialista fundada na hegemonia dos EUA e do chamado Ocidente. 
Vivemos certamente uma das maiores crises da história do capitalismo. A essência da solução proposta pela burguesia imperialista, cuja ideologia no momento é o já velho e fracassado neoliberalismo, reside em ampliar os lucros capitalistas aumentando o grau de exploração da classe trabalhadora, o domínio sobre os países considerados periféricos e a contenção de potências emergentes, com destaque para a China.
Já testada pela história desde Pinochet, passando por Margareth Thatcher e Ronald Reagan, a “solução” neoliberal resulta no acirramento das contradições e das crises do sistema. Objetivamente está abrindo caminho ao neofascismo. 
O movimento sindical classista deve resistir com toda energia à ofensiva reacionária, lutando contra a exploração, por trabalho com direitos, em defesa da paz, da soberania das nações e da solidariedade entre os povos, como sugere o tema desta conferência. A saída para a crise é o socialismo e a construção de uma nova ordem mundial sem hegemonia, sem imperialismo e sem guerras. É este o objetivo da luta da CTB e da FSM, à qual é filiada. 
Muito obrigado     

Adilson Araújo