Estudantes questionam Alckmin: Cadê a merenda, governador?
Estudantes protestaram na noite da segunda-feira (22) contra a violência da Polícia Militar durante ato organizado dentro da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, em São Paulo. O ato lançou uma denúncia ao Ministério Público sobre os abusos da PM do estado de São Paulo nas últimas manifestações.
Publicado 23/02/2016 15:11
O grupo aproveitou a posse da nova diretoria do Tribunal de Contas do Estado, que ocorreu no salão nobre da SanFran, para surpreender o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, e o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, esse último envolvido em denúncias de esquema de corrupção da merenda escolar. O trio participava do evento do TCE.
Na saída do governador, os estudantes cercaram o elevador da faculdade e estenderam faixas repudiando a violência policial e começaram gritos contra a fraude na merenda das escolas do estado de São Paulo.
Aos gritos de “não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar”, “cadê a merenda?” e “a PM é assassina, é bomba nos cara, é bomba nas mina”, os estudantes cercaram a comitiva do governador do lado de fora até serem contidos pelos seguranças.
Suplicy particia do ato
O ato continuou dentro da faculdade, no Salão dos Estudantes, com a presença dos secretários municipais de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, e da Igualdade Racial, Maurício Pestana. A deputada estadual Leci Brandão também participou. A atividade foi organizada pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, União Estadual de Estudantes de São Paulo (UEE-SP), União Paulista de Estudantes Secundaristas (Upes) e UNE.
A presidenta da UNE, Carina Vitral, destacou o simbolismo de um ato como aquele estar ocorrendo dentro da “SanFran”, instituição que durante a ditadura abrigou também períodos de resistência e defesa da liberdade e da democracia.
“É importante que a faculdade consiga olhar também para quem ainda está fora dela”, disse, denunciando a violência da polícia nas periferias contra, principalmente, os jovens negros e pobres.
A presidenta da UEE-SP, Flávia Stefanny, convocou os estudantes a continuar na linha de frente dos protestos pela desmilitarização da PM.
“Não continuaremos pagando para sermos mortos, a juventude quer um basta nessa violência policial! Está mais que claro que o modelo de polícia que temos hoje não atende às necessidades da população. A desmilitarização é urgente. Seguiremos organizados para barrar as barbaridades do nosso estado”, disse.
Suplicy admitiu abusos da Polícia Militar nas manifestações recentes e disse que os estudantes devem se mobilizar e levar todas as denúncias ao Ministério Público para serem apuradas e os responsáveis punidos. “Não vejo sentido na ação da polícia com bombas para conter um protestos”, disse.
Leci disse que a polícia que existe hoje é racista. “Tem uma lógica de atuação seletiva contra negros e pobres da periferia”, disparou.
Denúncia ao MP
O Centro Acadêmico XI de Agosto, junto com as outros entidades estudantis organizadoras do ato, irá entregar ao Ministério Público uma carta-denúncia sobre as recentes ações violentas da Polícia Militar contra as manifestações pacíficas ocorridas na capital São Paulo.