Movimentos do México denunciam “limpeza social” para a visita do Papa
Movimentos sociais e ativistas dos direitos humanos do México denunciaram que a visita do papa Francisco ao país tem sido usada como desculpa para remover moradores de rua das regiões centrais e impulsionar uma “limpeza social” na capital Cidade do México. Em ocasiões anteriores, mendigos chegaram a ser presos por até duas semanas para ficar “escondidos” das lentes da imprensa internacional.
Publicado 11/02/2016 11:12
A denúncia foi feita nesta quarta-feira (10) por meio de uma carta dirigida ao Vaticano e às autoridades mexicanas. O pontífice chega ao país nesta sexta-feira (12) e permanece até o dia 17 de fevereiro, onde participará de atividades religiosas na capital, e nos departamentos de México, Chiapas, Michoacán e Chihuahua.
Os porta-vozes das organizações El Caracol, Centro de Direitos Humanos Fr. Francisco de Vitória e Rede Pelos Direitos da Infância no México afirmam que a “limpeza social” é parte de um projeto maior que pretende esconder a “má imagem” das grandes cidades para a imprensa internacional.
As organizações denunciam que o mesmo já foi feito ocasiões anteriores pelo mesmo motivo, em 2002 e 2012, quanto os papas João Paulo II e Bento XVI estiveram no país. Destacam que na época as ações também foram denunciadas.
De acordo com as organizações, em 2002 o governo municipal de Cidade do México desalojou e encarcerou durante duas semanas cerca de 250 indigentes. “Diversas autoridades criminalizam a condição de exclusão social e pobreza extrema destas pessoas e buscam ‘desaparecer’ com eles dos lugares onde moram”, diz o documento enviado este ano ao Vaticano.