Máfia da merenda em São Paulo pode prejudicar agricultura familiar
A máquina de corrupção nas gestões tucanas em São Paulo parece não ter freio. Além dos carteis estabelecidos no Metrô e CPTM, a bola da vez é a merenda escolar. O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Fernando Capez (PSDB), e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo paulista, Luiz Roberto dos Santos, foram citados na operação Alba Branca como beneficiários de esquema de fraude em licitações de alimentação escolar de 22 cidades paulistas.
Publicado 11/02/2016 12:34
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, tem receio que o esquema de corrupção benefecie o grande empresariado rural. "O MST teme que esse escândalo seja utilizado para os interesses do agronegócio, prejudicando a agricultura familiar no estado. Atualmente, existem programas estaduais, como o Alimentação Escolar, que prevê o uso de até 35% da verba para a compra de alimentos oriundos do modelo familiar. “Precisamos separar e defender os programas sociais, em nível estadual e federal, de compra de alimentos”,
“Há uma pressão muito grande, em especial por setores do grande capital que atuam na agricultura, para acabar com esses programas, pois eles beneficiam o pequeno agricultor. Então, as acusações devem servir para pegar os culpados que se utilizaram desses programas para a corrupção, e não acabar com eles”, defende o coordenador.
A Cooperativa Orgânica de Agricultura Familiar (Coaf) é a principal investigada no escândalo da merenda, que envolve diretamente o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB). A Coaf recebeu, apenas em 2015, R$ 11,2 bilhões da Secretaria da Educação, pela venda de suco de laranja para escolas. A cooperativa ainda é acusada de fraudar contratos de merenda e financiamentos públicos, com pagamento de propinas de até 10% para políticos tucanos.
Todos os representantes das cooperativas citadas na investigação negam participação no esquema de fraude.