Mercenários: relatório aponta empresas que lucram bilhões em guerras

Desde que a 'guerra ao terror' começou há 15 anos, o número de mercenários contratados por empresas militares e de segurança privadas que operam nas linhas de frente no Oriente Médio e na África explodiu enormemente. É o que informa o mais recente relatório da organização War on Want.

Mercenários

O relatório 'Mercenários Desencadeados: o admirável mundo novo das empresas militares e de segurança", examina a ampla e bilionária indústria privada, apontada pela War on Want como de ser dominada por empresas britânicas.

"Empreiteiros militares privados correm pelo Iraque e o Afeganistão, deixando rastro de violações dos direitos humanos pelo seu caminho. Agora estamos vendo o aumento alarmante de mercenários que lutam na linha de frente em zonas de conflito em todo o mundo: é o retorno dos 'Cães de Guerra", afirmou que o diretor executivo da War on Want, John Hilary, à agência Sputnik.

Empresas privadas militares e de segurança vêm explorando conflitos e a instabilidade nas regiões devastadas pela guerra, enquanto geram lucros gigantescos para os próximos 15 anos no mínimo. De acordo com o relatório, centenas de novas empresas foram criadas nos últimos anos.

"O Reino Unido é um importante centro para a indústria de empresas privadas de segurança e militares. No auge da ocupação, cerca de 60 empresas britânicas operavam no Iraque. Agora, existem centenas de empresas militares e de segurança britânicas que operam em zonas de conflito em todo o mundo, trabalhando para assegurar o governo e a presença corporativa contra uma gama de 'ameaças'", afirma o relatório.

Alguns dos nomes corporativos mencionadas no relatório sobre mercenários privados são muito familiares. Empresas como G4S, Aegis Defense Services Control Risks, e Grupo Olive estão entre as muitas empresas militares privadas britânicas que pegou fecharam grandes contratos nos últimos 15 anos.

A War on Want descobriu que algumas corporações menores são inteiramente compostas ex-militares, enquanto as organizações maiores têm ex-militares em postos-chave.

O relatório diz que o governo britânico optou por fechar os olhos e permitir que as empresas regulassem a si mesmas, o que lhes permitiu explorar cada vez mais brechas legais, não apenas em terra, mas também na indústria marítima.

Esta não foi a primeira vez que a War on Want abordou as atividades das empresas de segurança privadas no Oriente Médio. Em 2006, três anos após a invasão do Iraque, a instituição baseada no Reino Unido publicou um relatório inovador sobre o papel desempenhado por mercenários privados na ocupação, desestabilização política e nas violações dos direitos humanos no país.

"Naquela época, como as empresas operam em um vácuo jurídico completo, fizemos um apelo urgente para a proibição de empresas privadas de segurança e militares em zonas de conflito", disse John Hilary.