Brasil atraiu US$ 75 bi em investimento estrangeiro em 2015
A entrada de investimento estrangeiro no Brasil atingiu em dezembro o recorde mensal de US$ 15,2 bilhões, conforme dados apresentados nesta terça-feira (26) pelo Banco Central. Com isso, o País encerrou 2015 com US$ 75 bilhões em investimentos produtivos vindos do exterior. O resultado mostra que o país permanece no radar de empresários e investidores estrangeiros.
Publicado 27/01/2016 13:23
Os recursos vindos de outros países que ingressaram na economia brasileira ao longo do ano passado ficaram abaixo do volume de US$ 97 bilhões registrados em 2014. Ainda assim, na avaliação do Banco Central a cifra continua elevada, acima dos US$ 66 bilhões que haviam sido estimados pelo governo no início do ano passado.
“O País continua sendo um mercado consumidor robusto, são 200 milhões de consumidores, e com oportunidades de investimentos em diversos setores”, avaliou o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Tulio Maciel. “E temos observado o investimento direto migrando para várias atividades da economia, não está concentrado e isso é um aspecto estrutural importante”, acrescentou.
Conforme os dados apresentados, a maior parte do investimento estrangeiro que ingressou no Brasil no ano passado foi direcionado ao setor de serviços. Nesse grupo, os recursos foram destinados principalmente para as empresas de telecomunicações, eletricidade e gás, atividades imobiliárias, instituições financeiras, empresas de saúde e de serviços de tecnologia.
O setor industrial figura na segunda grande preferência dos estrangeiros interessados em negócios no Brasil. Nesse segmento destacam os investimentos em indústria de produtos químicos, indústria alimentícia, fábricas de equipamentos de informática e materiais elétricos, indústria de máquinas e de equipamentos e no setor automotivo.
Em terceiro lugar na preferência dos investidores ficaram as empresas do setor agrícola, de exploração de petróleo e extração de minerais.
Para este ano, a autoridade monetária estima que a entrada de recursos produtivos do exterior na economia brasileira ficará em US$ 60 bilhões, em valores a serem distribuídos por vários segmentos.
Os recursos vão ingressar em um momento em que a dólar está mais elevado em relação ao real em comparação a anos anteriores, funcionando como um fator multiplicador desses recursos no mercado interno. Para se ter uma ideia desse efeito, no ano passado o dólar teve uma valorização média de 42% em relação ao real, segundo o Banco Central. E para este ano, o mercado financeiro projeta continuidade dessa valorização
A maior parte dos investidores estrangeiros que apostam fichas na economia brasileira é da França, Holanda, Japão, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul, Canadá, Suíça e também de Luxemburgo e Ilhas Cayman.
Contas externas menos pressionadas
Nos dados apresentados, o Banco Central informou que a conta de transações correntes do balanço de pagamentos do País com o exterior registrou saldo negativo de US$ 58,9 bilhões no ano passado.
Apesar de ainda negativo, o resultado ficou bem inferior ao déficit de US$ 104 bilhões registrados em 2014.
O déficit de 2015, o menor nessa conta nos últimos seis anos, decorreu, entre outros fatores do saldo positivo na balança comercial. Para 2016, o Banco Central estima que esse déficit vai baixar para US$ 41 bilhões.
A conta transações correntes registra operações do País com o exterior em moeda estrangeira tais como exportações, importações e operações de serviço, entre as quais a conta de gastos de brasileiros com viagens internacionais.
Para o Banco Central, o déficit menor mostra as contas externas menos pressionadas. Sobre esse tema, Maciel lembrou que o déficit na conta transações correntes foi integralmente financiado pela entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros.
Reservas internacionais altas
Ao apresentar os dados, o chefe do Departamento Econômico chamou a atenção para o volume das reservas internacionais do País, um importante ativo para enfrentar crises internacionais.
Em dezembro do ano passado esse volume estava em US$ 368,7 bilhões. “Isso vale a pena destacar”, afirmou Maciel.