Jamil Murad: PCdoB – um partido necessário para a cidade de São Paulo
São Paulo é a cidade da esperança e do trabalho e é justamente nesse binômio que se entrelaçam os objetivos do povo paulistano e o do Partido Comunista do Brasil. Aqueles que nasceram aqui e os que chegam, muitas vezes até fugindo de guerras e miséria, não abdicam de sonhar e lutar por um futuro melhor.
Publicado 25/01/2016 11:50
Foram os operários daqui que apresentaram ao Brasil as greves operárias quando em 1917, inspirados pela Revolução Russa, trabalhadores gráficos conquistaram a redução da jornada de trabalho. Através dessa experiência, José Jorge Costa Pimenta, saiu daqui para fundar em Niterói (Rio de Janeiro) o PCdoB, em 1922, ano que foi realizada também a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo e que marcou a cultura brasileira.
A agitação e o espírito desbravador dos mamelucos foram acrescidos da coragem dos operários e ousadia dos tenentes paulistas que da noite das grandes fogueiras que anunciava o Levante Tenentista deu origem à Coluna Prestes, em 1925, ao se juntarem com outros tenentes do Rio Grande do Sul.
Após dez anos, lá estavam os comunistas de novo, junto com os democratas, impedindo um comício integralista na Praça da Sé. Anos mais tarde, em 1945, no Estádio do Pacaembú reunia 60 mil pessoas, entre elas, o poeta Pablo Neruda, em apoio ao cavaleiro da esperança, Luís Carlos Prestes.
A bandeira da igualdade e de uma sociedade tremulava pela cidade. Em 1947, o PCdoB elegeu Diógenes Arruda e Pedro Pomar à Câmara Federal; 46 deputados estaduais e centenas de vereadores pelo Brasil a afora. Na Câmara Municipal foram eleitos 17 vereadores, entre eles, a primeira vereadora do município, Elisa Kauffmann Abramovich, uma jovem de 28 anos que era judia e feminista.
Sob a direção dos comunistas, o primeiro congresso da Federação de Mulheres do Brasil foi realizado em São Paulo, em 1951, e a segunda conferência nacional de trabalhadores do campo, em 1954.
Da mesma forma que o PCdoB protagonizou a construção da greve dos 300 mil contra o custo de vida que tinha subido cerca de cem por cento, em 1953. A paralização contou com a participação de diferentes categorias operárias, durou cerca de um mês e promoveu mudanças profundas no sindicalismo brasileiro.
Do surgimento de uma nova consciência da classe trabalhadora, por iniciativa dos comunistas, é realizada no dia 30 de outubro de 1958 uma grande manifestação do Pacto de Unidade Intersindical contra o aumento da passagem no transporte público.
Mas foi aqui também que o obscurantismo da ditadura militar nos atacou brutalmente em 1964. Os comunistas ofereceram a sua resistência em todo em Brasil e aqui na Capital não foi diferente. Em primeiro de maio de 1968, atiraram pedras contra o governador Abreu Sodré e ocuparam o palanque para defender a democracia.
Nessa luta muitos tombaram. Aqui em São Paulo as forças repressoras assassinaram Carlos Marighela, Carlos Danielli, Manoel Filho. Assinaram a covarde chacina da Lapa e o aniquilamento dos dirigentes Pedro Pomar, João Batista Drummond e Ângelo Arroyo.
Mesmo assim, os comunistas continuaram as ações de resistência e viram ganhar força o movimento que pedia o fim da ditadura através da “Carta aos Brasileiros”, lida pelo jurista Goffredo da Silva Teles, em 1977.
A defesa do Estado de direito é ampliada ao mesmo tempo em que movimentos vão as ruas com bandeiras populares, como o conhecido movimento contra a carestia e a realização do Primeiro Congresso da Mulher Paulista.
As eleições diretas mobilizam já em seu primeiro comício, novamente no Pacaembú, dez mil pessoas. Os comunistas, embora ainda estando na clandestinidade, vão sem medo às ruas e fazem panfletagens, articulam comitês pelas diretas em diferentes pontos da cidade e participam ativamente do histórico comício que lotou o Vale do Anhangabaú com 300 mil pessoas.
As ruas paulistanas também foram testemunhas da vitalidade e ousadia dos estudantes Caras Pintadas, responsável pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Melo.
Após conquistar a eleição direta, os comunistas ajudaram a eleger como prefeita Luiza Erundina, assim como passa a participar do núcleo da primeira campanha de Luís Inácio Lula da Silva defendendo desde então, uma frente ampla em torno do candidato. Lula, durante a comemoração na Avenida Paulista de sua primeira eleição agradeceu a João Amazonas por sempre defender essa política.
Agora, os comunistas contribuem com o governo do prefeito Fernando Haddad e de sua vice- Nádia Campeão. Ajuda a elevar o debate na implantação de políticas públicas que têm como objetivo a construção de uma cidade mais igual, justa e desenvolvida.
A trajetória do PCdoB de São Paulo é umbilicalmente ligada às lutas do povo e por sua história e, principalmente por seu futuro, é um Partido necessário para esta grande e diversa cidade.
*Jamil Murad é vereador e presidente municipal do PCdoB de São Paulo, foi deputado federal e estadual.