Publicado 19/01/2016 16:29
A elevação já era quase dada como certa. Mas, pouco depois de o FMI divulgar uma piora nas projeções para a economia brasileira, Tombini emitiu nota em que considera “significativas” as revisões feitas pelo Fundo e afirma que o Copom levará em conta todas as informações relevantes.
A declaração não é algo usual, ainda mais no dia em que se inicia a reunião do comitê, que culminará com o anúncio do novo patamar da taxa de juros. Na nota, o BC reforça que o FMI prevê o aprofundamento da queda do PIB neste ano de 1% para 3,5% e avisa: “O presidente Tombini ressalta que todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado”.
A frase levou agentes a acreditar que o juro pode subir apenas 0,25 ponto percentual ou, quem sabe, permanecer inalterado. Até então, o mercado financeiro dava como certa a retomada do ciclo de aperto monetário com um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic.
A alta dos juros tem sido combatida pela indústria, pelos trabalhadores, partidos políticos e por diversos economistas – inclusive alguns dos mais ortodoxos. Diversos analistas já faziam a leitura de que a fraca atividade econômica no Brasil e no mundo tornavam inviável uma Selic em patamares tão elevados, o que geraria ainda mais recessão, mais desemprego e menos renda.
Os comentários de Tombini, nesta terça, uma hora após a manifestação do FMI, não só confirmam essa visão como colocam no páreo chances reais de estabilidade da taxa básica.
Na reunião anterior do Copom, o colegiado manteve a Selic em 14,25%. Mas a decisão não foi unânime. Dois integrantes do comitê votaram por ampliar a taxa. E, nas últimas semana, o BC tem enviado vários recados, afirmando que faria de tudo para conter a inflação.
Um alta na Selic iria na contramão do que querem as forças produtivas, trabalhadores e integrantes da academia. Eles defendem uma redução na taxa de juros, que é recorde no mundo, para a retomada do crescimento.
Veja a íntegra do comunicado do BC:
No documento, o FMI revisou a previsão de crescimento do PIB do Brasil de -1,0% para -3,5%, em 2016, e de +2,3% para 0%, em 2017. O Fundo atribui a fatores não econômicos as razões para esta rápida e pronunciada deterioração das previsões.
O presidente Tombini ressalta que todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado.”