Equilíbrio de preços do petróleo começa em 2016, avalia Opep

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) declarou nesta segunda-feira (18) que espera um “processo de reequilíbrio” do preço do petróleo a partir deste ano, já que a queda brusca nos preços deve fazer com que a produção de países como os Estados Unidos comece a cair. Na semana passada, os preços de barris de petróleo ficaram abaixo dos US$ 30 pela primeira vez desde 2003, com consultorias projetando quedas a US$ 20, muito abaixo dos US$ 100 registrados em 2014.

Segundo a ANP, os campos operados pela Petrobras responderam por 91,9% da produção de petróleo e gás natural do país

A Opep destaca que a produção dos países fora do cartel teve sete anos de crescimento “fenomenal” e que agora se espera um abrandamento. “A análise indica que o ano de 2016 será orientado para a oferta, em que o processo de reequilíbrio começa”, diz a organização no em seu relatório de janeiro.

“Depois de sete anos consecutivos de expressivo crescimento da oferta fora da Opep, muitas vezes superior a 2 milhões de barris por dia, em 2016 está previsto um declínio da produção com efeitos profundos no corte do Capex (despesas de capital)”, acrescenta o documento.

De acordo com o relatório, a produção fora da Opep nos próximos seis meses “será sensível à baixa enorme dos preços do petróleo e, por isso, o seu ponto de equilíbrio não será capaz de tolerar as condições de preço”.

A previsão da organização para o crescimento global da procura de petróleo este ano foi ajustada ligeiramente para cima, para 1,26 milhão de barris por dia, para chegar a 94,17 milhões. Os preços do petróleo caíram acentuadamente nos últimos meses devido à desaceleração da economia chinesa e à perspectiva de o Irã voltar ao mercado, após o acordo sobre os ensaios nucleares em julho passado.

No passado, a Opep vinha respondendo às quedas de preços reduzindo a produção, mas desta vez a organização optou por manter a operação. Impulsionada pela Arábia Saudita, a organização quer manter a cota e retirar do mercado os Estados Unidos que, com o seu petróleo de xisto, precisam de preço mais elevado para ganhar dinheiro.

O desempenho dos barris nas últimas semanas fortaleceu a estimativa do Goldman Sachs, ainda em 2015, de que o barril poderia chegar a US$ 20 devido ao acelerado nível de produção. O Morgan Stanley se juntou a essas previsões, e citou a escalada do dólar como fator de maior preocupação para os preços da commodity.

A falta de perspectivas coloca mais pressão no setor, levando a mais demissões e desinvestimentos. A petrolífera britânica BP informou na semana passada que vai demitir quatro mil funcionários das áreas de exploração e produção ao longo do ano.

* Com Agência Brasil e Agência Lusa