Adilson defende correção do imposto sem impacto ao trabalhador
“O que o trabalhador ganha com uma mão o Leão leva com a outra”, disse Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Ele defendeu a correção da tabela do Imposto de Renda e a taxação das grandes fortunas durante visita à sede da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal). As declarações foram publicadas nesta segunda (18) no portal das duas entidades.
Publicado 18/01/2016 15:54
“Um trabalhador com uma renda na última faixa, ganhando R$ 4,664,69, tem uma tributação de 27,5%, você pega mais 8% de INSS e outros descontos, isso vai quase para 40%”, explicou o sindicalista.
Para Adilson, a correção da tabela do Imposto de Renda consta na plataforma unitária das centrais sindicais. “Minimizar os impactos aos trabalhadores, sobretudo os de baixa renda, é uma necessidade. Na medida em que a taxa de desemprego começa a subir e os acordos salariais se tornam mais difíceis, uma forma de atenuar isso é promover uma condição para que os trabalhadores não sejam tão penalizados", argumentou.
Na opinião dele, dessa forma seriam evitadas distorções. “Porque o governo é áspero com quem recebe pouco e condescendente com quem recebe muito. Além de corrigir a tabela do IR devemos insistir na taxação de grandes fortunas”, afirmou.
No final de 2015, deputados do PT apresentaram um projeto de reformulação da tabela do IR. Araújo observou que “a proposta do PT é cópia do que se trabalha há tempos no movimento sindical e que sempre foi dialogada no interior do Dieese”.
Renovação da frota
Desde o final de 2015 é noticiado que o governo, junto com empresas e entidades do setor automotivo, encabeçadas pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) e Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), elaboram uma proposta de renovação da frota de automóveis. O projeto tem sido chamado de “Programa de Sustentabilidade Veicular” e tem como foco automóveis com mais de 15 anos de uso e caminhões com mais de 30 anos.
“Qualquer sugestão que venha no sentido de contribuir para o desenvolvimento merece um olhar especial, sobretudo nesse estágio de crise”, afirmou Araújo. O sindicalista compara essa proposta para o setor automotivo com a renovação da frota naval feita pelo governo Lula.
“Vivemos um ciclo virtuoso na indústria naval brasileira, depois passamos por um processo de declínio e o Lula, observando as circunstâncias das repercussões dessa queda, buscou uma retomada. O que ele fez? Ao invés de alugar navio de Cingapura, alugar estaleiro de fora, a indústria brasileira tratou de assumir esse protagonismo. Então o Brasil se readequou e trouxe para o centro das discussões o debate do conteúdo local.”
No entanto, Adilson aponta uma visão mais ampla sobre o assunto, onde todos os setores de transporte subsidiados pelo Estado tenham programas de renovação da frota.
“É uma necessidade objetiva, sobretudo, para aqueles setores que são beneficiados por políticas de incentivo, a exemplo de todas as empresas de transporte urbano. É preciso que elas tenham um prazo determinado para a renovação da frota. Isso geraria impacto em toda cadeia produtiva. O preço do transporte aumentou agora, mas qual a contrapartida? A aposta é feita no máximo lucro e se ganha nas costas do contribuinte com equipamentos sucateados”, críticou.
Reforma da Previdência
Sobre uma possível reforma na Previdência Social discutida pelo ministro da Fazenda Nelson Barbosa e o governo, Adilson é taxativo: “Não há nenhum acordo possível com as organizações sindicais que possa prejudicar a classe trabalhadora mais do que ela já foi prejudicada”.
Em defesa dos trabalhadores, ele apontou que é falaciosa a tese de que reajustar salário e aposentadoria vai trazer rombo para a Previdência. “A política de valorização do salário mínimo atende a mais de 40 milhões de trabalhadores e 16 milhões de aposentados. Esse dinheiro volta todo para o mercado em forma de consumo. Ninguém guarda dinheiro debaixo do colchão. Estudos demonstram que em pequenas cidades do interior do Brasil, a economia se movimenta a partir do benefício da aposentadoria e do salário mínimo. O trabalhador pega aquele dinheiro e vai para o mercadinho, para a farmácia”, explica o presidente da CTB.