Estudantes e professores da USP repudiam ação da polícia de São Paulo
O Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), divulgou nota para “repudiar a ação truculenta e desumana da Polícia Militar do Estado de São Paulo” na manifestação dos estudantes nesta terça-feira (12) contra o aumento das passagens de ônibus e de metrô e por um transporte público de qualidade. A nota recebeu apoio de outras entidades e de professores da Universidade de São Paulo (USP).
Publicado 14/01/2016 10:50
Leia a íntegra da nota:
O Centro Acadêmico XI de Agosto, entidade representativa das e dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), vem por meio desta, repudiar a ação truculenta e desumana da Polícia Militar do Estado de São Paulo na manifestação de 12 de janeiro de 2016 contra o aumento das passagens de ônibus e de metrô e por um transporte público de qualidade.
Na tarde da última terça-feira (12), estava programado o segundo grande ato contra o aumento das passagens, recentemente anunciado pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito Fernando Haddad. Os manifestantes, ainda em concentração, foram cercados por cordões da Polícia Militar e da Tropa de Choque. Além disso, as travessas da Avenida Paulista, que posteriormente precisariam ser usadas como rota de escape, também continham grupos de policiais estrategicamente posicionados.
O protesto ocorreu integralmente de forma pacífica. Tratava-se de centenas de pessoas reunidas por uma causa legítima, em pleno exercício de seus direitos. Essa prerrogativa, entretanto, foi tolhida dos manifestantes quando a polícia, sem qualquer provocação, começou a atirar bombas de gás lacrimogêneo na multidão repetidamente.
O posicionamento da Polícia Militar e da Tropa de Choque tinha intenção clara: acuar os manifestantes. Por conta da disposição policial, o ato não evoluiu de sua concentração. Em determinado momento, todos se sentaram e cantaram em uníssono contra a violência e o aumento da passagem.
Quando todos, em desespero, correram para escapar do gás que os impedia de enxergar e de respirar, a Tropa de Choque fechou o caminho para evitar que os manifestantes saíssem da contenção. A intenção deles não era meramente dispersar as pessoas que estavam ali. Era provocar pânico em cada uma delas; ia além de colocar em perigo a integridade física dos manifestantes. Era amedrontar todos os presentes e violar seus espíritos para que não mais voltassem a exercer seu direito de protestar.
O fluxo contínuo de bombas e a perseguição prosseguiram de forma inabalável. As pessoas perderam sua condição humana aos olhos daqueles que deveriam protegê-las. Piorando uma situação já inimaginavelmente ruim, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, em declaração à imprensa, endossou as ações truculentas da polícia. Apesar de ostentar o cargo de professor da disciplina de Direitos Fundamentais da Faculdade, em que se estudam as liberdades civis previstas na Constituição Federal, o secretário personifica o descolamento das garantias fundamentais observadas diariamente na atuação da Polícia Militar sob seu comando.
A repressão violenta atingiu estudantes, manifestantes e até pessoas que estavam apenas de passagem pelas ruas. Uma diretora da gestão do Centro Acadêmico chegou a ser ferida por uma das bombas jogadas pela PM.
A Polícia Militar representa na atualidade um resquício da ditadura militar que ainda não foi superado. Suas táticas de guerra e sua ligação institucional com o Exército, passando por toda a forma como as tropas são instruídas a lidar com a população, têm como consequência o que se viu na terça-feira.
Enquanto a maneira como se articula a segurança pública não for repensada e enquanto a polícia for treinada para enxergar inimigos do Estado onde há cidadãos, essa truculência jamais acabará. Enquanto a polícia tratar a população como se estivesse em guerra, nunca deixaremos de nos sentir intimidados e inseguros e sempre sentiremos o gosto amargo da ditadura militar persistindo em invadir o espaço em que deveria imperar a liberdade.
Subscrevem essa nota:
Centro Acadêmico XI de Agosto
Movimento Resgate Arcadas
Coletivo Pr'além das Arcadas
UEE – União Estadual dos Estudantes de São Paulo
ANEL – Assembleia Nacional de Estudantes Livres
JUNTOS!
RUA – Juventude Anticapitalista
CAVC – Centro Acadêmico Visconde de Cairu
Centro Acadêmico 22 de Agosto
Coletivo Contraponto
Centro Acadêmico Guimarães Rosa – GUIMA
Centro Acadêmico da Farmacia e Bioquímica da USP
Ninho das Águias – Casa do Estudante da São Francisco
Sérgio Salomão Shecaira – Professor Titular de Direito Penal na FDUSP
Ari Marcelo Solon – Professor Livre-docente de Filosofia do Direito na FDUSP
Jorge Luiz Souto Maior – Professor Livre-docente de Direito do Trabalho na FDUSP
Beatriz Rodrigues Gonzaga
Juliana Soares
Mariana Marques Rielli
Pedro Kazu Gabiatti
Rodrigo Muniz Diniz
Mauricio Antunes Domingos
Camila Pinheiro
Jessica Lima
Thales Monteiro
Marina Torres Zeitounlian
Pedro Schonberger
Guilherme Giacomini
Guilherme Alpendre
Lucas Barbosa Folster
Luigi Rizzon
Julia Martins Gomes
Débora Cunha
Caio Abreu
Guilherme Talerman
Giovanna Coltri
Paola Souza
Giovanna Tavolaro
Julia Krein
Natália Takaki
Vitória Oliveira
Fernanda Apolonio
Lara Teixeira
Gustavo Rodrigues
Thiago Pereira Caetano
Ingred Souza
Vinicius Alvarenga
Luisa Bono
Isabela Covolo Somaio
Felipe Reginato
Jade Luiza Pizzo
Isabella Scuotto
Mariana Magalhães
Mariana Kinjo
Dennys Camara
Henrique Contarelli Lamonica
Alexandre Cardoso de Sousa
Guilherme Della Gurdia Pires
Vinicíus Araújo
Matheus Chodin
Carla Ribeiro
Amanda Serafim
Bruna Marques
Gabriel Henrique Rodrigues
Elis Benedetti
Lívia Fabbro
Ana Gurgel
Bruno Andrade
Pedro Pinho
Carol Monte Alto
Gabriela Branco
Felipe Mansur
Guilherme Cardoso Santos
Dannylo Teixeira
Luana Lima Teixeira
Isabella Perin
Pedro Felipe Fermanian
Leonardo Trindade
Matheus Aggio
Thais Dantas
Matheus Peres
Vinicius Bianchini
Eloísa Gomes
Bruno Lescher
Marcelo Araujo
Caio Bianco Jasper
Gabriela Sujiki
Samara Santos
Marianna Rinaldi
Luri Mizoguchi
Leticia Camargo
Gabriel Prétola
Vinicius Duque
Richard Souza
Gabriel Egidio
Maria Luiza Assad
Juliana Fonteles
Juliana Duarte
Wilson Souto Maior Barroso
Henrique Cazerta
Carla Fernandes
Cecília Barreto
Natalia Ikeds
Mariana Guarino Ferrari
Juliana Chan
Sergio Tuthill Stanicia
Gabriela Martinazzo
Juliana Rocha
Leonardo Novetti
Igor Leonardo
Isabela Martins Gonçalves
Lucas Patudo
Ca Rusig
Ana Carolina Rodrigues
Marcela Faria
Amanda Iranaga
Mariana Brandão
Luiza Telles
Ana Luísa Martins
Gabriela Souto Maior Baccarin
Fernando Saleta Pacheco
Alexandre Brito
Carlos Herculano Cubillas
Érica Meireles