Cardozo repele uso indevido da Lava Jato por policiais federais
Os delegados da Polícia Federal (PF) estão usando a Operação Lava Jato para tentar obter aumentos salariais “difíceis de explicar” em uma época de crise econômica. A afirmação é do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista ao Fato Online. Para Cardozo, a versão de que o governo estaria asfixiando as investigações é “absolutamente estapafúrdia”.
Publicado 08/01/2016 12:47
“O que se quer é estabelecer uma pressão sobre o governo temendo que nós não pudéssemos dialogar sobre a elevação de salários para que, justamente no bojo de um conjunto de acusações e factoides, o governo cedesse”, afirmou o ministro, afirmando que a Associação de Delegados da Polícia Federal encaminhou as reivindicações para a imprensa antes mesmo de enviá-las ao Ministério da Justiça.
Além de apontar a evolução salarial dos delegados que, segundo ele, já começam a carreira com salários de R$ 16 mil mensais e chegam a R$ 22 mil, sem incluir outros benefícios, Cardozo garantiu que os cortes previstos para a corporação serão recompostos.
“Mesmo quando saiu o relatório dizendo que haveria um corte, que não está muito distante do que foi executado em 2014, nós garantimos ao diretor-geral da Polícia Federal que o corte seria compensado imediatamente, logo após a sanção do orçamento, por uma realocação de verbas”, disse o ministro, enfatizando que apesar das garantias a categoria não demonstrou disposição para o diálogo, já que não houve audiência entre as partes, apenas o envio de carta com a pauta de reivindicações.
O ministro afirma ainda que o corte orçamentário “não foi feito pelo Poder Executivo, mas pelo Congresso Nacional”.
"Se quer reivindicar salários. Acho justo, é legítimo que queiram ganhar mais. Mas é claro que quando se fala de órgão em que o salário inicial é em torno de R$ 16 mil e o maior salário é em torno de R$ 22 mil, isto bruto, sem outros acréscimos, como diárias e outras vantagens pecuniárias, o que acontece é que é difícil dialogar em relação a aumentos, com a sociedade que neste momento passa por privações", disse.