Sem verba para luz? PF do Paraná devolveu R$ 3 milhões do orçamento
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu o factoide com relação ao orçamento da superintendência da Polícia Federal do Paraná e cobrou esclarecimentos sobre os motivos que levaram o órgão a solicitar uma pedalada do juiz Sérgio Moro para liberação de R$ 172 mil para pagar contas, sendo que a corporação devolveu R$ 3 milhões do orçamento, no fim de 2015.
Publicado 07/01/2016 10:25
"Se devolveram R$ 3 milhões e pediram para usar uma outra sobra, não é porque estava faltando dinheiro. Ou então há um problema de gestão. Eu quero entender o que está acontecendo", afirmou o ministro. "Agora, não me venham dizer que não havia dinheiro para pagar a conta de luz e nem que a Polícia Federal está sendo sucateada", repeliu.
Sobre as críticas do ajuste no orçamento para este ano, que prevê um corte de R$ 151 milhões, Cardozo afirmou que tudo será recomposto com remanejamento de verbas. "Ninguém vai parar a Polícia Federal por causa de R$ 100 milhões ou um pouco mais… Agora, é preciso entender que a Polícia Federal não é uma ilha, assim como o Ministério da Justiça também não é. Precisamos conviver com a realidade orçamentária que temos", ressaltou.
Mais uma vez, o seleto grupo instalado da PF do Paraná criou um factoide na imprensa em que afirmava que o ajuste no orçamento seria uma “retaliação” por causa da Operação Lava Jato e disseram que foram obrigados a solicitar ao juiz Sergio Moro a liberação de uma verba para o pagamento de despesas como luz, água, telefone e gasolina.
"Chega a ser um absurdo isso. Retaliação do quê?", perguntou Cardozo. "É só olhar o que temos tirado do orçamento de outras unidades do Ministério da Justiça, para dar à Polícia Federal, e perguntar se isso é retaliação"
Cardozo desmontou a falácia da “retaliação” ao demonstrar que dos R$ 21,9 milhões disponíveis para esses gastos, a Superintendência no Paraná, que é a segunda do país a receber mais recursos, só perdendo para São Paulo – usou apenas R$ 18,9 milhões, devolvendo nada menos que R$ 3 milhões. Esse montante devolvido seria suficiente para pagar as despesas apontadas na reportagem publicada no Estadão, de R$ 172 mil.
"Tinha esse dinheiro disponível e a Superintendência no Paraná devolveu para a direção da PF poder gastar em outras coisas. Então qual é a lógica? Por que fizeram isso? É curioso que, no momento em que se discute um acordo salarial com a categoria, apareça essa crítica de sucateamento da Polícia Federal", questionou Cardozo.
O ministro também apresentou dados da evolução do orçamento e dos salários dos delegados federais, que subiu de R$ 16.830,85 para R$ 22.805,00. Ele enfatizou também que cortou cargos de confiança de todas as unidades do Ministério, mas não mexeu na Polícia Federal nem na Polícia Rodoviária Federal. "Os outros estão pagando ônus maior porque acho fundamental fortalecer as polícias por causa da realidade da segurança pública. Fiquei espantado ao ver as críticas de entidades sindicais de que há sucateamento da Polícia Federal", acrescentou.