Wadih Damous: Como diria Chico: “Vai passar…”
É o vaticínio, em forma de samba, de Chico Buarque, que prevê um dia de redenção àqueles que levam pedras feito penitentes, pois um dia, afinal, têm o direito a uma alegria fugaz e a uma ofegante epidemia que se chama Carnaval.
Por Wadih Damous*
Publicado 04/01/2016 15:09

Embora um pouco distante desta alegria plena, há motivos para, ao menos, encontrar algum alento em meio às tempestades de um 2015 que se iniciou com um trágico “ajuste fiscal” e passou pelo pesadelo de ter uma figura destituída de predicados no comando da Câmara dos Deputados, que promoveu o maior retrocesso democrático dos últimos anos no Brasil.
Foi esse indigno comandante que, por chantagem explícita, tentou colocar o país a seus pés quando aceitou denúncia imprestável jurídica e politicamente, a que se apelidou de pedido de impeachment, com o único objetivo de dar um golpe nas eleições de 2014, somente para se livrar de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
O alento veio do Supremo Tribunal Federal, que restaurou a racionalidade democrática e retomou o papel da Constituição como norte do direito e da política.
Outro vento benfazejo nestes últimos dias do ano veio do decreto da presidente Dilma Rousseff, que reajustou em 11,6% o salário mínimo. De acordo com dados do Dieese, o novo aumento vai representar um incremento de R$ 51,5 bilhões na renda da economia brasileira em 2016.
A medida beneficiará 48 milhões de trabalhadores e começa a valer a partir do dia primeiro de janeiro de 2016. É o começo do reencontro com uma política econômica que foi a base de sustentação de um projeto político que diminui as desigualdades sociais mais latentes no Brasil.
Em 2016, espero que Eduardo Cunha seja afastado da presidência da Câmara dos Deputados e espero, também, que os debates políticos se deem respeitando as opiniões contrárias e que a alteridade conduza as relações entre as pessoas.
Espero que em 2016 o Brasil possa ver a manhã renascer, o jardim florescer e esbanjar poesia.