Curió: Movimentos sociais aprovam nota e agenda de lutas

Em reunião no Sindicato dos Bancários do Ceará realizada na noite da última quarta-feira (26/11), dezenas de organizações dos movimentos sociais aprovaram uma nota em solidariedade à comunidade do Curió e da Grande Messejana, em Fortaleza (CE), que sofre com a morte de onze jovens no último dia 11, assassinados nos bairros do Curió, Palmeirinha e São Miguel.

A ação espalhou terror aos familiares das vítimas e aos moradores das comunidades, que desde então têm se organizado para reivindicar uma investigação idônea sobre o crime. Há suspeitas de que os crimes tenham sido cometidos por um grupo organizado dentro da polícia militar.

“Homens, jovens, pobres e negros são os mais atingidos pela violência urbana. Fenômeno banalizado pela mídia conservadora, legitimado por grande parcela da sociedade e, ainda, insuficientemente enfrentado pelo poder público, apesar de todos os esforços nas esferas federal, estadual e municipal. Essa realidade vem favorecendo uma verdadeira escalada de extermínio da nossa juventude, principalmente em regiões pobres que apresentam baixos índices de desenvolvimento humano (IDH)”, denuncia a nota.

O documento está assinado por dezenas de organizações, entre elas a Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza (FBFF), a União dos Moradores de Luta do Álvaro Weyne (UMLAW), a Associação de Moradores do Curió, a Escola Municipal Professora Terezinha Parente, a União de Negros pela Igualdade (Unegro), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o Sindicato dos Bancários do Ceará, o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, a Associação Comunitária dos Moradores do Curió (ACMC Gente de Luta), o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), a União Brasileira de Mulheres (UBM) e o Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz (Cebrapaz), articulador do movimento.

As organizações exigem a apuração dos fatos pela polícia federal afim de garantir isenção e seriedade às investigações. Também será requisitada reunião com o grupo intersetorial de segurança pública Ceará Pacífico do governo estadual.

“A comunidade e os movimentos sociais estão engajados. Não vamos deixar o assunto morrer. Essa violência tem cor e classe e ocorre há anos nas periferias das grandes cidades do Brasil. Na Maraponga, Montese, Vila Peri, estamos cansados de ver estudantes e trabalhadores serem mortos”, apontou Teresinha Braga Monte, do Cebrapaz.

Antes da reunião, o rapper Snow WM apresentou rap no qual denuncia a criminalização dos jovens nas periferias e o silêncio dos grandes meios de comunicação sobre o assunto. “Mídia, você não botou no ar a minha entrevista!”, cobrou.

Foi aprovada ainda a realização de um grande ato ecumênico no dia 11/12, quando se completa um mês da chacina. A próxima reunião do movimento Construindo a Paz será dia 2/12, no Sindicato dos Bancários, às 18h, e discutirá o formato e a mobilização para o evento.

De Fortaleza,
Mônica Simioni (especial para o Vermelho-CE)