PC Português: "Que se cumpra a vontade da maioria dos deputados"
Em declaração publicada nesta quarta-feira (18) na página do Partido Comunista Português, o secretário-geral Jerónimo de Souza critica a inação do presidente português, Cavaco Silva, que deveria adotar a única saída constitucional possível, ou seja, retirar do governo a coalizão PSD/CDS, já derrubada pelo parlamento e dar vias à constituição de um novo governo com maioria parlamentar constituído pelo PS, PCP e BE.
Publicado 18/11/2015 19:07
Leia abaixo a íntegra do artigo publicado na página do partido:
Derrotado que está o governo PSD/CDS, Cavaco Silva, afrontando a vontade expressa pela maioria de deputados da Assembleia da República, vem adiando deliberadamente a única saída constitucional a que está obrigado, ou seja, dar posse à solução governativa que comprovadamente reúne todas as condições para se concretizar.
Arrastando a decisão que lhe cabe e que a situação exige, privilegiando contatos e audições com representantes do grande capital em detrimento dos órgãos de consulta constitucionalmente previstos, adiando a indispensável e obrigatória consulta aos partidos políticos com representação parlamentar, alimentando falsas soluções, Cavaco Silva opta uma vez mais por procurar intervir em auxílio do partido a que pertence mesmo que para isso afronte a Constituição, outros órgãos de soberania e o regime democrático.
Reafirmamos hoje o que temos afirmado. Há uma maioria de deputados que constituem condição bastante para a formação de um governo de iniciativa do PS, que permita a apresentação do programa, a sua entrada em funções e a adoção de uma política que assegure uma solução duradoura, na perspectiva da legislatura. Não há nenhum pretexto ou razão institucional objectiva que possa justificar a atitude do ainda Presidente da República. Não há nenhuma razão para que, em prejuízo do normal funcionamento das instituições, mantenha por mais tempo o governo PSD/CDS em gestão. Não há nenhuma razão para que deliberadamente arraste uma situação que, em si mesma é um factor de desestabilização política, econômica e social. Não há nenhuma razão para que o Presidente da República, perante a inequívoca e pública afirmação dos quatro partidos que dispõem de uma maioria de deputados na Assembleia da República, venha exigir condições e garantias que manifestamente não só não exigiu como sabia não existirem para impor a indigitação de Passos Coelho e a formação de um governo do PSD/CDS.
Quaisquer tentativas de Cavaco Silva para procurar subverter a Constituição da República terão a resposta democrática, dos trabalhadores e do povo, que lhe corresponda. Cavaco Silva assume assim todas as responsabilidades pelas consequências políticas e institucionais de eventuais decisões que, por ação ou omissão, contribuam para degradar a situação nacional e promover o confronto entre órgãos de soberania.
Cumpra-se a vontade popular
Cumpra-se a vontade da maioria dos deputados da Assembleia da República
Cumpra-se a Constituição da República Portuguesa