Manifestações pela Paz mobiliza comunidade do Curió
Após a chacina que vitimou 11 pessoas na última quinta-feira (12/11), a população da grande Messejana se uniu em torno de uma só voz: por paz e justiça. Mais de 500 pessoas participaram, na manhã do último domingo (15/11), de uma caminhada pelas ruas do Curió contra a impunidade.
Publicado 16/11/2015 12:00 | Editado 04/03/2020 16:25
Cartazes, faixas e balões brancos buscavam expressar o pedido por paz na comunidade que ainda sente a dor de perder tanta gente. O clamor por justiça superou a revolta e o medo e mobilizou centenas de pessoas. Sayonara Melo, moradora do Curió, foi uma das responsáveis pela atividade. “Conversamos sobre a necessidade de dar voz aos que estavam com medo. Em pouco tempo tivemos o apoio da comunidade, da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Professora Terezinha Ferreira Parente, onde estudou duas vítimas, e até de pessoas de outros bairros, como São Cristovão e Jangurussu”, destaca.
O rapper Snow WM, que também lidera o movimento, afirma que os atos são em defesa de uma população de bem, que estava “oprimida e trancada em casa por medo”. “Queremos dar voz às famílias que postavam nas redes o medo até de deixar os filhos ir à escola”.
A intenção era realizar a caminhada na quarta-feira (18/11), mas com a grande adesão da comunidade o ato pela paz pelas ruas do Curió foi antecipado. “A população abraçou a ideia e, em menos de dois dias conseguimos mobilizar muita gente”, enaltece Snow, morador do Curió.
O rapper destaca que o objetivo das manifestações populares é claro: “Nossa luta não é por vingança. Nossa causa é pela paz e por justiça. Não cabe a nós julgar nem acusar, só queremos justiça!”, enfatiza.
Amigo de duas das vítimas (Pedro e Alisson), Snow ressalta que os sentimentos de impunidade e revolta agora se transformaram na luta por justiça. “Os meninos eram pessoas de bem, frequentadores da igreja. Sinto como se fosse a dor da família, pois o que aconteceu com eles poderia ser qualquer com qualquer um de nós. Não queremos vingança, mas justiça”, ratifica.
Novo ato
Está mantida para a próxima quarta-feira (18/11), a 2ª Marcha pela Paz, que reunirá moradores das comunidades do Curió, Palmeirinha, São Miguel e demais bairros. A concentração será a partir das 17h, na rua Isabel Ferreira, 1000, Curió. Após a caminhada, haverá a apresentação dos grupos de Hip Hop Salmo 101, Street 8 e Apologia do Gueto.
Saiba mais
A polícia trabalha com três linhas de investigação para apurar a morte das onze vítimas da chacina do dia 12 de novembro. A primeira avalia uma possível vingança pela morte do soldado Valterberg Chaves Serpa, 32, também assassinado quarta-feira ao tentar defender a esposa de um assalto. A segunda motivação possível seria a execução dos delatores de Carlos Alexandre Alberto da Silva, 38, preso terça-feira, 10, com armas utilizadas em chacina da Comunidade da Cinquentinha, no Jardim das Oliveiras. Já a terceira seria uma retaliação pela morte de Lindemberg Vieira Dias, na tarde da quarta-feira, 11. Ele era um dos líderes do crime na região e havia deixado unidade prisional no dia anterior.
Três dos 11 homens mortos na chacina da Grande Messejana tinham passagem pela Polícia. Os delitos, porém, não têm relação com tráfico de drogas ou violência letal, mas ameaça, crime de trânsito e pensão alimentícia.
Além do Curió, houve assassinatos no Alagadiço Novo e no São Miguel.
As vítimas
Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17
Jardel Lima dos Santos, 17
Álef Souza Cavalcante, 17
Renayson Girão da Silva, 17
Patrício João Pinho Leite, 16
Jandson Alexandre de Sousa, 19
Francisco Elenildo Pereira Chagas, 41
Valmir Ferreira da Conceição, 37
Pedro Alcântara Barroso Filho, 18
Marcelo da Silva Mendes, 17
Marcelo da Silva Pereira, 17
Clip do rap de Snow WM, em homenagem às vítimas
De Fortaleza,
Carolina Campos
(Fotos: O Povo)