Congresso da Ubes elege Camila Lanes presidenta da entidade
Terminou em Brasília neste domingo (11) o 41° Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), entidade que representa todos os estudantes do ensino fundamental, médio e técnico do país. A estudante paranaense Camila Lanes, 19 anos, foi eleita presidenta nacional da organização.
Publicado 16/11/2015 11:45
O Congresso, no total, reuniu mais de 7 mil estudantes, representando escolas de todos os 27 estados do Brasil. Além da eleição da nova presidência, também foram definidas as linhas de atuação do movimento nas áreas da conjuntura nacional, educação e movimento estudantil.
Votaram na Plenária Final 2.909 delegados, que foram eleitos representantes de suas escolas em etapas estaduais realizadas antes do Congresso. A chapa de Camila Lanes, “O movimento estudantil unificado pelas mudanças do Brasil”, obteve 2.158 votos, representando 78,5% do total de votos válidos. Também concorreram as chapas “Oposição de esquerda da Ubes”, com 426 votos; “Brizola tinha razão. Brasil mostra tua cara”, com 97 votos e, “Ubes é pra lutar. Nós não vamos pagar nada”, com 67 votos.
Camila é natural de São José dos Pinhais (PR), região metropolitana de Curitiba. Começou sua trajetória no grêmio de sua escola e depois teve atuação de destaque no acampamento da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), ameaçada de perder a sua sede.
Por sua liderança, tornou-se presidenta da entidade durante os anos de 2103 a 2015. Também participou ativamente dos protestos de estudantes e professores contra as medidas do governador do Paraná, Beto Richa, sendo atingida por estilhaços de bombas lançadas contra os manifestantes.
Ao ser indaga sobre os desafios da próxima gestão, Camila salienta que as últimas gestões da Ubes garantiram conquistas importantes, mas é necessário avançar mais. “Vitórias como os 10% do PIB e 75% dos royalties do pré-sal para educação, serão importantíssimas para o futuro das próximas gerações, porém, temos ainda inúmeros desafios, como a compreensão do que representa a reformulação do ensino médio e a visão educacional como um todo. A questão da Meia Entrada precisa ser dialogada com os estudantes, que é um direito importantíssimo. Com o retrocesso da Medida Provisória 2208, por exemplo, até farmácias vendem carteiras de estudantes, inclusive para pessoas que não possuem vinculo educacional algum. Temos que explicar a importância da Meia Entrada para completa ransformação do movimento estudantil. Outro desafio é ganhar cada vez mais as massas e ocupar as ruas de todo o país, mostrando que, estudante precisa ser levado a sério neste país.”
O Congresso da UBES aconteceu em um momento emblemático na história do movimento estudantil brasileiro: a ocupação de estudantes de São Paulo em escolas ameaçadas de fechamento pelo governador Geraldo Alckmin. Os jovens de todo o Brasil reunidos em Brasília acompanharam com atenção as notícias sobre as escolas ocupadas e a tentativa violenta da Polícia Militar de acabar com o movimento.
No último dia do Congresso, em caráter de urgência, foi convocado o Dia Nacional de Solidariedade às Escolas de São Paulo, no próximo 19 de novembro, quinta-feira. Em todo o país, estudantes sairão às ruas demonstrando o seu apoio aos colegas paulistas e exigindo a garantia do direito à educação.
Secundaristas apoiam a Primavera das Mulheres e pedem o “Fora Cunha!”
O primeiro dia da Plenária Final do 41º Congresso da Ubes ficou marcada pela aprovação de diversão moções pelos secundaristas presentes ao ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Destaque para o apoio à Primavera das Mulheres — que tomou as ruas do país nas últimas semanas pelo direitos das mulheres — e para o pedido de saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, autor de diversas medidas conservadoras contra conquistas e direitos sociais. “Fora Cunha!” pedem os secundaristas de todo o país!
Os estudantes de todo o país também se solidarizam à luta dos secundaristas paulistas contra o fechamento de escolas pelo governo Geraldo Alckmin; à greve dos pretoleiros; e contra a lei antiterrorismo, a redução da maioridade penal e a militarização das escolas.
O Congresso da Ubes aconteceu entre os dias 12 e 15 de novembro, no Parque da Cidade e no Ginásio Nilson Nelson, e contou com mais de 20 debates e cerca de 100 convidados entre representantes dos movimentos sociais, parlamentares, artistas e outros personagens envolvidos com os temas da juventude.
Entre os assuntos debatidos estiveram a situação da educação pública brasileira, a reforma política no país, a democratização da mídia, o combate aos preconceitos e opressões na sociedade.
Um dos principais momentos do Congresso foi a passeata da Ubes na sexta-feira (13) em conjunto com a Frente Brasil Popular, que levou sete mil pessoas à Esplanada dos Ministérios em defesa da democracia, contra as manifestações de golpismo no país, em repúdio ao ajuste fiscal do governo federal e exigindo a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.