Em defesa da democracia, manifestantes saem às ruas de Brasília
Cerca de dez mil pessoas ocuparam a área principal da Esplanada dos Ministérios nesta sexta (13), em manifestação organizada pela Frente Brasil Popular. Contra o golpismo, a retirada de direitos e as medidas de ajuste que prejudicam o trabalhador, o ato foi convocado por mais de 60 entidades e teve participação destacada da juventude.
Publicado 13/11/2015 20:35
Entoando palavras de ordem, como "Não vai ter golpe", os manifestantes partiram do Parque da Cidade, na Asa Sul, e chegaram ao Congresso por volta das 13 horas. “Nossa luta é ampla. Queremos a melhoria da educação, queremos impedir o retrocesso no país e queremos, principalmente, que a democracia prevaleça. E só com a pressão popular, a força das ruas em manifestações como esta daqui, conseguiremos fazer valer nossos direitos", disse a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, destacou que o ato aconteceu em defesa da democracia. “Uma série de ações golpistas vêm daqueles que não aceitam o resultado da eleição e que construíram uma crise política, que gera uma crise econômica, porque o país está parando, e os prejudicados são os trabalhadores", afirmou.
Já o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, ressaltou a luta contra as terceirizações e criticou a ameaça aos direitos trabalhistas.
No carro de som, lideranças do movimento estudantil pediam a ampliação do Financiamento Estudantil (Fies) e criticavam o projeto de Lei de autoria de Cunha que dificulta o aborto para mulheres vítimas de estupro. Na linha de frente do ato, caminhavam somente mulheres.
“Essa é a juventude combativa, que está aqui para dizer que não queremos a redução da maioridade penal, não queremos o Estatuto da Família, não queremos o PL 5069 que penaliza as mulheres. Eles não passarão”, disse a presidenta da UBES, Bárbara Melo, do alto do carro de som.
Embora a manifestação tenha sido pacífica do início até o fim, o Congresso Nacional ficou cercado de seguranças legislativos, policiais militares e reforços da tropa de choque da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Um cordão de policiais separava os manifestantes dos representantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que estão acampados no gramado em frente ao Congresso.
Carina Vitral deixou uma mensagem ao pequeno grupo pró-impeachment: “Os jovens estão é aqui, do nosso lado, porque defendemos os seus direitos. A juventude não embarca em movimentos criados por meia dúzia de lideranças falsas”, criticou.
O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) João Antônio de Moraes defendeu o fortalecimento da Petrobras. Ele criticou a atual gestão da companhia, ressaltando que o corte de investimentos "compromete a economia brasileira". "Reduzir investimentos para a Petrobras significa mergulhar o Brasil numa recessão", acrescentou.
Já Bárbara Melo, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) – que realiza seu congresso em Brasília – , convocou a militância às ruas."Estudantes de todo o país devem sair de casa para reivindicar seus direitos. Não podemos deixar o retrocesso e as atitudes golpistas dominarem o Brasil", frisou.
Diante do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Maria das Neves Fonseca, uma representante do Movimento Nacional da Juventude, pediu a palavra para criticar o presidente da Câmara e a onda conservadora de ódio, machismo e racismo que tem sido observada os últimos tempos. “Não aceitaremos qualquer retrocesso”, destacou.
Um grupo de São Paulo protestou contra o fechamento de escolas, por parte do governador Geraldo Alckmin (PSDB), e levou faixas de solidariedade aos estudantes.
“Sou da periferia de São Paulo e digo para vocês que não estamos aqui sem discurso, só para pedir a saída do presidente da Câmara. Queremos que haja maior conscientização na votação das matérias legislativas que dizem respeito ao nosso futuro. Posso dizer com conhecimento de causa: a juventude pobre não quer a redução da maioridade penal, o que queremos são mais políticas educacionais, de inclusão social e que levem à redução da violência”, discursou o jovem Pedro Camargo.
Outras manifestações foram organizadas pelo país.