Lula sobre campanha de ódio: Sobreviverei, não sei se eles sobrevirão
Em discurso na reunião do Diretório Nacional do PT, nesta quinta-feira (29) em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou – para desespero da oposição – que não se abate com a campanha de criminalização e de ódio promovida contra ele.
Publicado 29/10/2015 16:08
“Serão três anos de pancadaria, mas eu vou sobreviver”, garantiu. “Tem uma coisa que aprendi: enfrentar a adversidade. Podem ficar certos: eu vou sobreviver. Não sei se eles sobreviverão com a mesma credibilidade que eles acham que têm”, completou.
Lula ainda ironizou: “Eu ainda tenho mais três filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está grávida”.
Num discurso de mais de uma hora, o ex-presidente fez uma análise da conjuntura política e econômica do país. Para ele, é preciso estabelecer as prioridades na luta contra o golpismo para garantir a governabilidade.
Lula defendeu que o Congresso Nacional vote o mais breve possível os projetos encaminhados pela presidenta Dilma para o ajuste fiscal.
“Nós não podemos ficar mais seis meses discutindo ajuste. Temos que começar a votar amanhã, se for o caso”, enfatizou. “Tudo que interessa à oposição é que a gente arrume pretexto para discutir qualquer assunto e não discuta o que interessa, que é aprovar o que a Dilma mandou ao Congresso Nacional”, completou.
Apoio dos movimentos sociais
Lula fez questão de expressar um agradecimento especial ao movimento social. “É importante a gente não esquecer que a base de sustentação do nosso partido neste momento difícil está na lealdade, no compromisso e no comportamento do movimento social… O movimento social tem se comportado com a maior dignidade, defendendo o governo nas ruas, nos locais de trabalho e isso tem sido uma base extraordinária de sustentação, dando oxigênio e motivação para a nossa presidenta”, expressou. E acrescentou: “Fico imaginando se o movimento social estivesse carrancudo e falando contra o governo como a gente estaria”.
Lula lembrou que os tucanos, quando governo, quebraram o país três vezes e tiveram que pedir socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Comparando o segundo mandato de FHC com o primeiro da presidenta Dilma, Lula afirmou: “O governo dele não conseguia passar um ano sem que tivesse que pegar dinheiro com o FMI para fechar as contas. Em 1999, o Brasil tinha apenas US$ 13 bilhões em reserva. Hoje temos US$ 370 bilhões. A dívida interna era de 48% do PIB. Hoje é 35%. A taxa Selic de 14,5%, no governo dele era 45%. O desemprego dele era 12%. O nosso é 7,5%. Portanto, quando eles criticarem temos que mostrar isso para eles. O pais tem total condições de se recuperar”.
Prioridades
Para Lula, a prioridade zero é a aprovação das medidas do ajuste. “É a gente criar condições para aprovar as medidas que a presidenta Dilma mandou para o Congresso Nacional para que ela encerre definitivamente a ideia do ajuste e que a gente possa ver a economia voltar a crescer, gerar emprego e para que a renda continue chegando no bolso do trabalhador”, afirmou.
Lula frisou que o tempo de governo é um “tempo que urge”. “Nós precisamos urgentemente começar a recuperar o potencial que nossa presidenta já teve. Não tenho medo de pesquisa, tenho medo de não trabalhar para recuperar”, afirmou.
Mídia golpista
O ex-presidente ironizou a tentativa da grande imprensa que criar um factoide sobre uma suposta rusga que existiria entre ele e Dilma. “Sinceramente, o que me deixa às vezes chateado é que nunca me perguntam alguma coisa e, de repente, vejo manchete: ‘Lula disse isso, aquilo, Dilma vai não vai no aniversário e não conversa com Lula’. Se a Dilma não queria conversar comigo, porque foi no meu aniversário?”, questionou.
Ele também enfatizou que é preciso garantir que a presidenta tenha tranquilidade para governar o Brasil e elogiou a condução do diálogo político com a base aliada e Congresso Nacional, em que a própria Dilma tem atuado.
“A nossa situação era mais difícil. Nos últimos dois meses houve uma melhora na relação política. A tendência é consolidar essa relação política”, garantiu.
“Sai das cinzas mais forte do que ele estava antes de qualquer coisa. Esperem as eleições de outubro de 2016 para eles perceberem o que vai acontecer nesse país”, disse.
Na abertura da plenária, o presidente Nacional do PT, Rui Falcão, pediu que a legenda reaja à ofensiva de ódio. “Essa ofensa se dirige ao nosso partido e à nossa liderança maior que é o presidente Lula. Temos que reagir a essa ofensiva. A campanha de ódio e intolerância não pode prosperar. Temos que ter orgulho de ser petista e reagir a esses ataques”, afirmou Rui Falcão.
“Há uma campanha coordenada tentando nos fragilizar. Tivemos vários eventos que são coordenados por núcleos da Polícia Federal, do Poder Judiciário e do Ministério Público que se valem de momentos simbólicos para ofensivas que têm o pretexto de combate a corrupção, mas que têm outro alvo”, disse.
De acordo com o presidente da legenda, o PT vai abrir formalmente o debate sobre as eleições de 2016, durante a reunião do Diretório, e será feita uma avaliação sobre a conjuntura política recente.
“O PT entrará unido na campanha, defendendo nosso partido e com a expectativa de crescer nas eleições. Não procedem avaliações negativas que são compartilhadas por muita gente que se opõe a nós”, explicou.
Falcão relembrou episódios de suposto combate à corrupção que foram utilizados para fragilizar o partido. “Vaccari foi conduzido (coercitivamente à Polícia Federal) perto dos 35 anos do nosso partido. A prisão de Zé Dirceu se realizou no momento em que havia o primeiro encontro do Lula com a Dilma após vitória de 2014”, relembrou.
“Agora, esse ataque odioso à família de Lula e ao Gilberto Carvalho (ex-ministro do governo Lula e Dilma). Com tanto tubarão, procuram alguém que nada tem a ver e que não participa de operações milionárias de sonegação e corrupção”, criticou.
Sobre as insinuações de que a legenda estaria fazendo um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), Rui Falcão disse que o PT não se deixará levar por esse tipo de “pressão”.
“Não vamos deixar nos levar por esse tipo de pressão. Há duas denúncias no STF que ainda não foram acolhidas. Ele tem prazo para exercer direito de defesa, que é algo que nós defendemos sempre, embora para o PT tenha a presunção da culpa, ao invés da defesa”, disse.