Lembo: Impeachment é o mesmo que bater à porta dos quartéis
Advogado e professor de Direito da USP e do Mackenzie, o ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo escreveu parecer, no qual se posiciona contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. No texto, ele defende que o afastamento de presidentes se tornou “uma nova patologia” na política latino-americana. Para ele, PSDB e DEM, que encabeçam a campanha golpista no Brasil, estão “perdidos, em estado de neurose coletiva”.
Publicado 27/10/2015 13:30
“Os golpes militares da época da Guerra Fria estão sendo substituídos pelo impeachment. A função do Congresso é fiscalizar os governos, e não derrubá-los. Isso é o mesmo que bater às portas dos quartéis”, diz ele, segundo o colunista da Folha de S. Paulo, Bernardo Mello Franco.
Aos 77 anos, Lembo cita o jurista Pontes de Miranda, para afirmar que a derrubada de um presidente “só se permite, nas democracias, em caso de extrema necessidade”:
“Não se deve buscar interromper o mandato eletivo. Isso é um desrespeito à população, seja quem for o eleito. O impeachment é um instrumento violento, que causa instabilidade à economia e ao país”, afirma.
O professor , que foi filiado ao DEM até 2011, afirma que a sua antiga legenda e o PSDB querem “derrubar o governo a qualquer custo”, inconformados com o resultado das urnas em 2014. “A oposição não aceitou o resultado da eleição e quer derrubar o governo a qualquer custo. Só sabem falar em impeachment. Estão perdidos, em estado de neurose coletiva.”
Na argumentação contra o impeachment do advogado, hoje filiado ao PSD, há espaço também para críticas à elite golpista. “A elite branca está furiosa. Não entendeu que o Brasil mudou, por isso está perdida.”
O ex-governador ressalta ainda que a lei, para afastar um presidente, exige um crime de responsabilidade: “Ninguém diz que a presidente enriqueceu. Sua honra está preservada”, defende.
De acordo com o colunista, Lembo critica ainda a ideia de que Dilma Rousseff deveria renunciar, como já propôs o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Um ex-presidente não devia falar isso. Eu também acho que ele poderia ter renunciado quando comprou a reeleição”, dispara.