Com temas avançados, Enem é aplicado com êxito em todo o país
Neste fim de semana (24/25) ocorreu a aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Milhares de estudantes em todo o país estão concorrendo a vagas em universidades públicas. As notas do exame também valem para o ingresso ao Programa Universidade para Todos (ProUni) e também ao Financiamento Estudantil (Fies). Segundo o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, a avaliação do processo é positiva. “Chegamos ao final do Enem com o mais absoluto êxito”, afirma.
Publicado 26/10/2015 13:03
O ministro também elogiou a escolha do assunto A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira. “O tema da redação foi de muita relevância para a cultura do Brasil, ajuda na reflexão para 7 milhões de participantes sobre o tema. Se conseguirmos discutir com transparência, será um grande avanço para a sociedade brasileira”, destacou Mercadante.
O percentual de abstenções nesta edição do Enem, de 25,5%, foi o menor da série histórica do exame. Nos dois dias de provas, foram eliminados 743 participantes, menos da metade dos 1.519 excluídos do processo em 2014. Apenas três ocorreram por postagem de imagens do local de provas em redes socais.
A presidenta Dilma, em sua conta pessoal no Twitter, avaliou positivamente o processo de aplicação do exame. “A edição deste ano teve o menor índice de abstenção desde 2009. O menor número de pessoas eliminadas reflete o esforço de segurança e conscientização que vem sendo feito pela organização do Enem.”
Dilma também elogiou os temas abordados na prova. “A redação teve como tema A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. A sociedade brasileira precisa combater a violência contra a mulher.”
Outra questão muito comentada nas redes sociais foi a que continha uma citação de Simone de Beauvoir. “Não se nasce mulher, torna-se mulher.”
A estudante Nathália Keron prestou o Enem em São Paulo e considera que a luta do feminismo está avançando. “Penso que o feminismo realmente agora está tomando outros patamares. A luta pela emancipação da mulher é muito difícil, é um trabalho árduo. A prova do Enem teve um papel muito importante, fez com que jovens de todas as idades refletissem sobre os temas de gênero, que é uma das principais causas de morte de mulheres no país. Alguns machistas e conservadores tratam o Feminicídio e a Lei Maria da Penha como privilégio, não é privilégio mulheres morrerem por apenas por serem mulheres, não é privilégio estar nas estatísticas. A prova cumpriu o papel de conscientizar milhões de jovens dos todos os cantos do país. A redação era sobre violências contra a mulher, não pude deixar de citar na minha prova o retrocesso que é essa Câmara dos Deputados, que só encaminha projetos de lei que retrocedem os nossos direitos. O exame foi um aviso aos conservadores: Agora é a hora de avançar! E debate de gênero tem que acontecer nas escolas, tem que estar inserido nos planos municipais, estaduais e nacional de ensino”, conclui.
A secretária Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Eleonora Menicucci, afirmou em nota a importância do tema para o avanço da sociede. Leia a íntegra abaixo:
"Confraternizo com os responsáveis pelo Enem de 2015 por apresentar como tema da redação que foi aplicada na tarde deste domingo (25) o debate sobre a violência.
Intitulado "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" sem dúvida alguma fez com que 7.746.261 mil jovens – dos quais 4.458.265 (57,5%) são do sexo feminino – refletissem sobre esta epidemia da violência contra a mulher , reflexo de uma sociedade patriarcal e machista.
Ter este tema debatido no Enem – a segunda maior prova de acesso ao Ensino Superior do mundo, ficando atrás só de um realizado na China- é um avanço para toda a sociedade quebrar com a banalização da cultura da violência.
A construção de uma pátria educadora se faz a partir da discussão de questões que mudam mentalidades e com isso, provocam mudanças culturais e rompem paradigmas. A escolha deste tema, o levou para dentro de quase 8 milhões de famílias brasileiras. Isso é algo de fundamental importância.
Não tenho dúvida da enorme contribuição para a sociedade quando no Enem um exemplo de excelência e qualidade abraça essa causa de tolerância zero com a violência. Com essa atitude de colocar o tema como redação , vimos reforçada a luta de 12 anos da Secretaria de Políticas para as Mulheres para a transversalidade das questões de gênero no governo federal".
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica, buscando contribuir para a melhoria da qualidade desse nível de escolaridade.
A partir de 2009 passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior. Foram implementadas mudanças no Exame que contribuem para a democratização das oportunidades de acesso às vagas oferecidas por Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), para a mobilidade acadêmica e para induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio.