Câmara aprova projetos que prestam homenagem a líder abolicionista
Conhecido como advogado dos escravos, Luiz Gama não conseguiu se matricular no curso de Direito do Largo do São Francisco, onde hoje é a faculdade de direito da Universidade de São Paulo (USP), e enfrentou hostilidade de professores e alunos por ser negro, mas persistiu como ouvinte das aulas. Conseguiu uma carta de advogado e com o conhecimento adquirido, defendeu e libertou na Justiça mais de 500 negros escravos.
Publicado 20/10/2015 10:04
A Comissão de Cultura da Câmara aprovou dois projetos de autoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), homenageando o líder abolicionista. O primeiro projeto inscreve o nome de Luiz Gonzaga Pinto da Gama no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. O segundo declara Luiz Gama como Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil.
Orlando Silva lembrou que “ainda hoje no Brasil você sente não só na escola, na universidade e no mercado de trabalho a diferença que tem entre brancos e negros. O exemplo de Luiz Gama é inspirador, de que se você tiver a mínima condição, a mínima oportunidade, você pode trilhar um caminho de superação. Não há diferença entre negros e brancos além daquela estruturada a partir da dinâmica social."
O parlamentar disse ainda que o Brasil conhece poucos personagens negros que construíram sua história. "No que diz respeito à história da contribuição do povo negro para nossa nação, existe pouco conhecimento de personagens”, afirmou, destacando que Luiz Gama se transformou em um homem de ideias e chegou a ser batizado como apóstolo da abolição no Brasil.
O presidente da Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros, o historiador Paulino Cardoso, ressaltou a importância de Luiz Gama para a história do Brasil. "Ele é o primeiro grande intelectual a discutir e a deslegitimar a propriedade escrava.”
E elogiou a homenagem ao líder abolicionista, destacando sua atuação como “uma das mentes brilhantes da cidade de São Paulo, do estado de São Paulo, uma vida abnegada, dedicada à luta pelo fim dessa chaga. Ele mobilizou tribunais, mobilizou a massa popular para que pudesse por fim à instituição da escravidão. Essa homenagem, essa lembrança faz jus a uma memória que o Brasil não conhece."
Os dois projetos são conclusivos e ainda serão analisados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).