Na Bahia, greve dos bancários tem adesão de 81% das agências
Se em nível nacional a greve dos bancários está grande, na Bahia ela está especialmente forte: mais de 900 das cerca de 1.100 agências do estado estão paralisadas. Segundo o dado mais atualizado da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), 8.763 das 23.110 mil agências do país já aderiram ao protesto.
Por Juliana Cunha
Publicado 09/10/2015 12:42
Para Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, a adesão se explica pela gravidade da proposta patronal: “A oferta dos bancos sequer cobre a inflação, é descabida em um contexto em que, só no primeiro semestre de 2015, eles lucraram 36 bilhões. No mesmo período, reduziram 7 mil postos de trabalho”, argumenta.
O sindicalista afirma que a categoria buscou evitar a greve. Só na Bahia, foram feitas 204 manifestações em agências bancárias nos meses que antecederam a paralisação. “A greve é um mecanismo poderoso, mas traz consequências para os trabalhadores e para a sociedade. Nosso objetivo é sempre evitá-la, porém os bancos não quiseram negociar, como não querem até agora, embora o comando nacional dos bancários esteja à disposição”, explica.
Se nos bancos privados há ameaça de demissão para os grevistas, os bancos públicos procuram punir os trabalhadores com o chamado "descomissionamento", que acarreta em perda salarial. “São tentativas de inibir a participação dos colegas que não têm funcionado, mas que buscam minar o direito à greve”, diz o sindicalista.
Pautas da greve
A categoria reivindica reajuste salarial de 16% (reposição da inflação mais 5,7% de aumento real), participação nos lucros, piso salarial e vale-refeição maiores e fim das metas abusivas. A proposta inicial dos patrões, no entanto, oferece reajuste de 5,5%, o que representa perda de 4% diante da inflação, e um abono de R$ 2,5 mil sobre o qual incide imposto de renda e INSS e que não conta nos cálculos do FGTS, 13º salário e aposentadoria.
Além do reajuste salarial, os bancários pedem aumento da segurança das agências, fim do assédio moral e redução de juros e tarifas bancárias, que foram elevadas a um patamar oito vezes acima da inflação nos últimos dois anos.