Estado Islâmico existe porque Iraque desapareceu, diz analista
O analista internacional Alberto Hutschenreuter afirma que existe atualmente um acordo internacional em relação ao combate contra o grupo terrorista Estado Islâmico, mas não em relação a mudar o governo da Síria. O especialista destaca que no Oriente Médio e no Golfo Pérsico, o que importa é a segurança chave de Estados e aparatos burocráticos de governo, insistindo na tese de que "se hoje existe o EI, é porque desapareceu o Estado iraquiano".
Publicado 08/10/2015 15:41
"Rússia e China não querem a derrubada do governo na Síria e eu não entendo porque o Ocidente deseja isto. É uma situação que beneficiaria estrategicamente a todos (…) No cenário do Oriente Médio e do Golfo Pérsico, o que importa é a segurança da presença de Estados e aparatos burocráticos fortes", afirmou à emissora russa de notícias Russia Today Alberto Hutschenreuter, doutor em relações internacionais e diretor do espaço de comunicações Equilibrium Global.
O especialista, que compara a situação atual da Síria com o que ocorreu no Líbano, afirma que existe um acordo internacional em relação ao combate dos terroristas do EI em território sírio, mas um desacordo total "em relação a modificar ou não o governo do país".
Sobre isto, Hutschenreuter destaca que "se existe hoje o Estado Islâmico, é porque deixou de existir o Estado do Iraque" como consequência da ação Ocidental" no país, o que provocou a desaparição do Estado, da burocracia estatal, o sistema de inteligência e o exército, entre outras estruturas. "E boa parte do Exército iraquiano hoje trabalha no Estado Islâmico", agrega.
O que supõe existir caso desapareça o Estado da Síria?
"A possível desintegração da Síria seria um problema não somente para a região, mas para todo o Ocidente", alerta. Hutschenreuter assinala que uma Síria reduzida a um "Siriastão" implicaria no aumento da insegurança regional e global.
"Não há coincidência no que finalmente a situação se resolva a favor do atual presidente sírio, posto que isso poderia indicar uma espécie de vitória marginal da Rússia", afirma, insistindo que existe uma questão relativa que restringe o protagonismo de Moscou "como ator que está construindo poder".