Luciana Santos: Unir as forças populares em defesa do mandato de Dilma

O Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé e o Fórum 21 realizaram nesta segunda-feira (28), em São Paulo, debate sobre a crise política e econômica brasileira e o papel da mídia no avanço do conservadorismo. O evento contou com a participação de Roberto Amaral, dirigente do PSB, Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul pelo PT, e a deputada federal Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB.

debate mídia Luciana Santos, Tarso Genro e Roberto Amaral

Luciana enfatizou que a atual crise política brasileira “não é exclusiva do PT e pode comprometer um projeto de esquerda para o Brasil”. Para a dirigente comunista, a luta poderá ser perdida pelo campo progressista se as forças populares não se unirem em torno da defesa do mandato de Dilma Rousseff.

“Temos de ter a dimensão da batalha que estamos vivendo. Eles perderam a eleição mas querem impor a agenda deles”, enfatizou Luciana, salientando que a atual luta política é “adversa” para a esquerda.

“Temos de fazer a luta de conteúdo, defender imposto sobre grandes fortunas, a repatriação de remessas feitas ao exterior e outras bandeiras progressistas. Mas, para isso, precisamos fazer a defesa do governo Dilma. Do contrário, não haverá alternativa à esquerda”, defendeu.

Democracia

Luciana frisou que o momento não é de “críticas e diferenças” entre lideranças da esquerda, pois o que está em jogo é a democracia do país. Ela citou o posicionamento de lideranças como Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT). “São atores importantes. Ciro foi solidário a Lula no primeiro mandato, no auge das denúncias de corrupção em 2005. É contra o golpe e contra o impeachment. Marina tem tido uma posição firme contra o impeachment”, detalhou.

A dirigente comunista também apontou que um dos fatores que contribuíram para a atual crise política foi não ter feito as reformas estruturantes desde o primeiro mandato de Lula, em 2003, como as reformas política, tributária e dos meios de comunicação.

A deputada chamou a atenção para as dificuldades que serão impostas à esquerda se as forças conservadoras lograrem êxito na tentativa de golpe. “Foram 21 anos de período ditatorial (de 1964 a 1985) e, com toda a nossa luta, qual foi o desfecho e onde a ditadura foi derrotada? No Colégio Eleitoral. Isso é para mostrar como a luta é complexa.”

Ascensão da direita

Roberto Amaral destacou que a ascensão da direita contra o governo Dilma, com o apoio ostensivo dos meios de comunicação, repete historicamente o que aconteceu entre 1954 e 1964, com o suicídio de Getúlio Vargas e o golpe militar, respectivamente. “Vemos de novo os liberais, de novo a classe média, de novo a unanimidade dos jornais”, lembrou. 

Para ele, assim como nesse período da história, a direita tem apenas um alvo: a esquerda. “Dizem que o objetivo é derrotar a Dilma. Não creiam nisso. O grande alvo é a esquerda como um todo, não só a esquerda partidária”, enfatizou Amaral.

“Há companheiros que dizem que é impossível defender o governo Dilma, mas com todos os seus defeitos é o nosso governo. Culpa-se a Dilma, mas não se diz que Dilma carrega consigo os erros do PT”, argumentou.

Rentismo

Já o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), disse que o Brasil vive um fenômeno grave e global, que ele chama de “uma captura da política pela economia financeira”.

Para Tarso, o capital financeiro “captura” também o Estado, o que seria demonstrado pelas decisões do Judiciário. O petista afirmou que o sistema financeiro é representado pelos bancos centrais. “No caso da Europa, o Banco Central europeu, leia-se BC alemão. No caso do Brasil, o Banco Central”, argumentou.