Papa Francisco condena pena de morte e desigualdade social nos EUA
Em sua fala ao Congresso norte-americano, em Washington, nesta quinta-feira (24), o papa Francisco condenou a prática da pena de morte e a má distribuição da riqueza, chamou atenção para a questão dos imigrantes e dos refugiados e para os perigos do fundamentalismo. E pediu aos políticos e ao povo dos EUA para "mudar de rumo".
Publicado 24/09/2015 19:37
O papa fez aos congressistas americanos um dos mais veementes discursos desta viagem, que começou em Havana, onde encontrou o presidente Raúl Castro e o líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, e terminará numa reunião com as Famílias Católicas, após ter conversado com o presidente Barack Obama e falado na Organização das Nações Unidas, em Nova York.
O pontífice falou de "liberdade" e chamou a atenção para dois perigos que assolam o mundo: o fundamentalismo – religioso, ideológico e econômico – e o “reducionismo simplista”. “Sabemos que, na ânsia de nos libertar do inimigo externo, podemos ser tentados a alimentar o inimigo interno. Imitar o ódio e a violência dos tiranos e dos assassinos é o melhor modo para ocupar o lugar deles”, disse Francisco.
Ao citar Martin Luther King por sua luta por plenos direitos para os negros, o papa falou dos imigrantes. “Aquele sonho continua a inspirar-nos”, disse Francisco, mencionando a maior “crise de refugiados” desde os tempos da Segunda Guerra Mundial.
O papa falou ainda da imigração, em especial a dos latinos: “Também neste continente, milhares de pessoas sentem-se impelidas a viajar para o Norte à procura de melhores oportunidades. Porventura não é o que queríamos para os nossos filhos? Não devemos deixar-nos assustar pelo seu número, mas antes olhá-los como pessoas, procurando responder o melhor que pudermos às suas situações.”
Francisco, então, abordou o tema da pena de morte, prática disseminada em grande parte dos estados norte-americanos: “Recentemente, os meus irmãos bispos aqui nos Estados Unidos renovaram o seu apelo pela abolição da pena de morte. Não só eu os apoio, mas encorajo também todos aqueles que estão convencidos de que uma punição justa e necessária nunca deve excluir a dimensão da esperança e o objetivo da reabilitação.”
A pobreza e suas causas, entre as quais a injusta distribuição da riqueza, foram também destacadas pelo papa: “Agora é o momento de empreender ações corajosas e uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.”