Publicado 11/09/2015 19:18

E com este pretexto o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), em sua última reunião, no dia 2 de setembro, resolveu manter a taxa Selic em absurdos 14,25% ao ano.
A nota à impressa, justificando a decisão, explica que “O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016”.
Em primeiro lugar, se a fórmula “juros altos + contração de crédito” fosse decisiva para controlar a inflação, os EUA, usados como exemplo para tantas outras coisas, estaria mergulhado na hiperinflação, pois lá o Banco Central estadunidense (FED) mantém a taxa de juros entre 0% a 0,25%, o crédito é estimulado e a inflação está em 0,170%.
Em segundo lugar, mesmo do ponto de vista do ajuste fiscal a manutenção dos juros em níveis estratosféricos é completamente contraditória.
Juros altos retraem o consumo, gerando menos produção, menos emprego, diminuindo desta forma a arrecadação de impostos. Mas, o mais importante e incontestável, juros mais altos aumentam o gasto com os encargos da dívida pública, inviabilizando o próprio ajuste.
Em terceiro lugar é precisa abandonar a fixação no “bezerro de ouro” chamado “centro da meta de inflação”. Em 2001, a taxa básica de juros chegou a 19,07%, o centro da meta era 4% e a inflação efetiva foi de 7,67%. Em 2002, a taxa básica de juros alcançou 24,90%, o centro da meta era 3,5% e a inflação efetiva atingiu 12,53%. Como nestes anos o governo era tucano a mídia fez pouco alarde sobre o assunto.
Por último, nesta quinta-feira (10) o IBGE divulgou que a inflação desacelerou 0,40 ponto percentual, saindo de 0,62 registrado em julho deste ano, para 0,22% em agosto. É o menor Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os meses de agosto desde 2010.
Portanto, é preciso agora arranjar outro pretexto.
A inflação é, sem dúvida, uma preocupação, mas combatê-la com juros altos em um quadro de recessão é como um médico que acha que o paciente só vai melhorar se morrer.
O Brasil precisa voltar a crescer e, para que isso seja possível, é urgente que os juros baixem.