Em debate, a crise e o papel da esquerda
O país vive uma ameaça permanente de golpe, tendo como objetivo tirar do poder a presidenta Dilma Rousseff através de vias ilegítimas. Neste momento a esquerda tem de agir de maneira organizada e equilibrada. Para discutir estratégias, nesta terça-feira (1/9), representantes de setores progressistas se reuniram no Sindicato dos Bancários da Bahia, para participar do seminário A crise política e os partidos de esquerda. O auditório lotou.
Publicado 03/09/2015 13:17
Apresentador do debate, o presidente do Sindicato, Augusto Vasconcelos, enfatizou que é preciso união. “Vivemos em um clima de incitação ao ódio. Precisamos de unidade entre todos os setores que fazem o enfrentamento à ganância do capitalismo, em defesa da justiça e da soberania nacional. É necessário barrar as tentativas de desestabilização institucional”.
O jornalista e Secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, afirmou que a tarefa central do momento das forças progressistas do país é defender o mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff, conquistado democraticamente nas eleições de outubro do ano passado. Segundo ele, há uma crise política e institucional, uma tentativa de acuar e isolar as forças progressistas e a presidenta da República, um estado permanente de golpe.
Reinaldo defendeu a união de todas as forças democráticas suscetíveis de serem unidas para impedir o golpe, organizar a mobilização popular, coordenar a ação das forças de esquerda, com base em um programa de reformas estruturais, de sentido tático e estratégico, que inclua a reforma política e do Judiciário, da mídia, as reformas urbana e agrária, a universalização dos direitos sociais e dos direitos humanos e a reforma tributária. O dirigente comunista avaliou, entre outros pontos, que existe unilateralidades na acumulação de forças da esquerda, passando a segundo plano a mobilização popular, a batalha das ideias, a construção orgânica e ideológica, que devem pôr em relevo a sua identidade socialista e anti-imperialista para atuar como força de vanguarda na condução de um movimento transformador que tenha como perspectiva a emancipação nacional e social. “As elites são herdeiras da Casa Grande. Por isso, precisamos fazer a batalha de ideias, enfrentar a classe dominante, o latifúndio, o monopólio, o capital. O processo de crescimento do Brasil corre risco de rupturas e truncamento”, afirmou José Reinaldo.
O professor aposentado da UFBA, secretário de Planejamento da Bahia e ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, destacou o papel do país durante a crise financeira mundial que explodiu em 2008 e citou os últimos 12 anos exitosos em que a esquerda está no poder.
Durante os primeiros quatro anos, o governo manteve o tripé macroeconômico, composto pelo regime de metas de inflação, fiscais e pelo câmbio flutuante, importantes para consolidar a estabilização e o maior crescimento da economia.
Inegavelmente, o país mudou de cara. Reduziu os níveis de desemprego, aumentou a distribuição de renda e investiu na política de valorização do salário mínimo. Mas, a trajetória de crescimento deu um freio, por conta da crise do capitalismo que atinge o Brasil e o mundo e, neste momento desafiador, unir forças é o que tem de ser feito.
Para Gabrielli, o perfil da mesa, com pluralidade de partidos, reflete a necessidade da conjuntura. “Ser de esquerda significa combater a concentração de renda e defender a redução das desigualdades sociais. É necessário reconstruir o que é importante para mobilizar”.
O discurso de unidade é unânime. A professora da UFBA, doutora em Ciências Sociais e militante do PSOL, Maíra Kubik, acha que é preciso se organizar, refletir e definir os pontos de convergência para caminhar junto e enfrentar o momento difícil.
A vice-presidente do PT, Luciana Mandelli, e o militante do MPL Salvador, Sou + Esquerda Unida – colunista da Caros Amigos – Walter Takemoto, mediaram os debates.