Festival Flaskô mantém acesa a chama da resistência cultural
Até 2003, a Flaskô era somente uma fábrica de galões e tambores plásticos, prestes a abrir falência, em Sumaré, no interior de São Paulo. A partir de então, para manter seus empregos e impedir o fechamento da empresa, os operários decidiram ocupá-la e se responsabilizaram por sua administração.
Por Marcos Aurélio Ruy*, no portal da CTB
Publicado 24/08/2015 11:20
“Nestes 12 anos de ocupação tivemos muitas dificuldades, mas mantivemos os empregos e atualmente queremos finalizar esse processo fazendo com que o governo aceite bens móveis e imóveis da fábrica como pagamento de suas dívidas que nos assombram, já que o antigo dono está foragido da justiça”, explica Rafael Gironi Dias, conhecido como Batata, coordenador do setor de mobilizações da ocupação.
Com o andamento dos trabalhos (eles continuam produzindo galões) e da ociosidade de um galpão da fábrica, surgiu a ideia de utilização desse espaço para atividades esportivas e culturais. Assim, em 2010, nasceu o Festival Flaskô Fábrica de Cultura para “dar vazão aos trabalhos que estavam sendo desenvolvidos com a comunidade”, diz Dias. Desde o início, o festival atraiu grupos artísticos de várias partes do Brasil.
Neste ano, pela primeira vez, o festival contará com oficinas de grafite, de pinhole (processo alternativo de fazer fotografia), de utilização de materiais recicláveis e de customização de roupas. “Este é o primeiro ano das oficinas e para surpresa já houve um grande número de inscrições”, conta Dias. O 6º Festival Flaskô Fábrica de Cultura começa nesta sexta-feira (28) e segue até domingo (30), na rua Marcos Dutra Pereira, 300, Parque Bandeirantes, Sumaré, totalmente grátis. Os artistas podem se inscrever através deste link.
Para Dias, a realização do festival é uma “demonstração de que os trabalhadores sabem valorizar a cultura”. E cita trecho do texto de apresentação do festival (festivalflasko.org.br) pelo qual, segundo ele, se define a proposta que rege a realização do evento. “Entendemos a arte como instrumento de reflexão crítica da organização produtiva da sociedade atual, uma arte que contribua para a formação de sujeitos que se reconheçam como tais diante da história, capazes de compreender o passado, de criar suas próprias memórias, de se articular socialmente, de mudar o rumo das coisas”.
Para manter acesa a chama da resistência cultural, os organizadores do festival adotam o financiamento coletivo para a sua realização. “Os artistas que se apresentam não recebem cachê, mas nós temos a obrigação de lhes garantir o transporte e a estadia”, assegura Dias. A programação do festival abrange peças de teatro, shows de música, cinema, lançamento de livros, debates e, pela primeira vez, oficinas.
"É através da arte que podemos manifestar nossos ideais e ideias. É através da convivência, de conversas casuais e compartilhando os espaços que podemos construir mudanças”, reforçam os organizadores do festival.
Veja aprogrmação completa no site oficial do festival.