MST de Mato Grosso do Sul ocupa latifúndio em Casa Verde
Na madrugada desta sexta-feira (21), cerca de mil famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Mato Grosso do Sul (MST), ocuparam a fazenda Saco do Céu, que fica localizada no distrito de Casa Verde, divisa com o estado de São Paulo. A ação faz parte de uma jornada estadual de luta do Movimento, com o intuito de pedir celeridade nos processos de Reforma Agrária em MS, que já estão paralisados há mais de cinco anos.
Publicado 23/08/2015 11:08
Segundo Jonas Carlos da Conceição, da direção nacional do MST, as famílias que ocuparam a área fazem parte de acampamentos de três regiões do estado, algumas delas já estão há mais de doze anos morando em um barraco de lona. "A morosidade no processo da Reforma Agrária nos fez e se continuar, nos fará, a realizar ações como essa, pois não podemos mais ficar de braços cruzados diante desta situação", disse.
O dirigente nacional disse que outra situação que levou o movimento a essa ação foi a maneira em que se encontra o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Mato Grosso do Sul.
"Desde maio estamos aguardando a nomeação definitiva de um superintende, atualmente temos um funcionário de carreira ocupando o cargo e as coisas no órgão estão praticamente paralisadas. Além disso, nos parece que algumas questões estão sendo tocadas ao inverso da nossa luta, por exemplo, temos famílias acampadas há mais de 12 anos sofrendo com a inoperância do Incra, sem coisas básicas, como a alimentação, enquanto, por outro lado, movimentos que surgiram há cerca de dois meses já estão tendo servidores do órgão fazendo cadastro e organizando essas questões, para nós é uma situação inaceitável", ressalta.
Jonas Carlos colocou ainda que com a atual estrutura do Incra é impossível atender a demanda de 29 mil famílias a espera de um lote e de cerca de 30 mil assentadas. "O sucateamento do Incra não é nenhuma novidade, para nós já é uma pauta amarelada, mas é impossível não falar disso, pois a realidade não muda e eles continuam sem estrutura básica de pessoal, de finanças, de organização e assim por diante", afirma.
A também dirigente nacional do MST, Atiliana Brunetto, ressaltou que o cenário nacional do ajuste fiscal, que reduziu de R$ 3,6 bilhões para R$ 1,8 bilhões, os recursos da Reforma Agrária, piora a situação e também não poderia ficar fora da pauta da ação. "Se já tínhamos problemas, agora com a redução dos recursos, com certeza as coisas irão piorar e as nossas famílias continuarão na lona se nós, enquanto movimento organizado e de luta, não formos de fato para a trincheira como estamos fazendo agora", ressalta.
Sobre a área ocupada o MST informou que ela é para aquisição, já passou por vistoria, mas a compra ainda não teve avanços . O movimento irá resistir o tempo que for preciso e se for necessário novas áreas podem ser ocupadas no estado.