Jornal O Globo omite informações e mente novamente para atacar Lula

O Instituto Lula publicou matéria em que aponta a manipulação do jornal O Globo para criar factoides contra o ex-presidente Lula. "Em mais uma matéria que não diz nada, o jornal O Globo, não se atenta aos fatos e faz distorções para prejudicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", diz a publicação, reproduzindo a troca de e-mails entre o jornalista e o assessor de imprensa do Instituto, na qual fica clara a intenção de usar documentos que não revelam nada de novo, para criar um factoide.

"As mensagens trocadas entre repórter e assessor, em circunstâncias normais, deveriam ser apresentadas aos leitores do jornal na matéria, mas entendemos que a necessidade de criminalizar as atividades de Lula, vão além da normalidade e das boas práticas jornalísticas", destaca o instituto.

Veja abaixo a troca de e-mails:

De: O Globo
Para: Instituto Lula

Boa tarde,

Estamos fazendo uma matéria sobre a atuação do ex-presidente Lula em defesa da Construtora Odebrecht. Telegramas diplomáticos trocados entre embaixadas brasileiras e o Ministério das Relações Exteriores apontam que o ex-presidente agiu, várias vezes, em defesa da construtora.

Entre 21 e 23 de outubro de 2013, por exemplo, ele esteve em Lisboa, a convite da construtora, para participar de cerimônia dos 25 anos da empresa em Portugal, informa telegrama enviado pelo embaixador Mario Vilalva. Em2 de maio do ano passado, em outro telegrama enviado pelo mesmo embaixador, o diplomata fala sobre a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), da qual a Odebrecht tinha interesse, e afirma que Lula “reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente ao pleito brasileiro”.

O ex-presidente, segundo telegrama de 3 de março de 2014, enviado pelo encarregado de negócios em Havana, Marcelo Câmara, esteve em Havana entre os dias 24 e 27 de fevereiro daquele ano, com apoio da Odebrecht. Na capital cubana, Lula tratou de “prospecção de iniciativas para aperfeiçoamento da matriz energética cubana” relacionadas à zona especial de Mariel. Em 2011, Lula também estivera em Cuba, onde foi recebido no hotel pelo presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e pelo ex-ministro José Dirceu. Em outro telegrama, do embaixador Paulo Cordeiro afirma que Lula agendou uma reunião no BNDES para que o embaixador do Zimbabue no Brasil, Thomas Bvuma, pudesse pleitear recursos do banco de fomento brasileiro.

Pergunto:

1- Por que o ex-presidente atuou a favor da Odebrecht, fazendo gestões junto ao primeiro-ministro português, por exemplo?

2- O presidente recebeu pagamento para fazer lobby para a Odebrecht nas situações citadas acima?

3- Por que o ex-presidente agendou uma reunião no BNDES para o embaixador do Zimbabue no Brasil?

4- O ex-presidente costuma intermediar reuniões no BNDES com empresários e mandatários de outros países?

5- O ex-presidente considera que agiu legalmente ao solicitar tais reuniões?

6- Como o ex-presidente avalia seus encontros com altos dirigentes da Odebrecht?

Desde já, obrigado pelas informações

Chico de Gois

De: Instituto Lula
Para: O Globo

Boa tarde, Gois,

Qual o prazo para as respostas?

Atenciosamente,

De: O Globo
Para: Instituto Lula

Hoje, as 18h

Obrigado

De: Instituto Lula
Para: O Globo

Caro Gois,

Outras 2 dúvidas, em uma pergunta você fala de “tais reuniões”. A quais reuniões você se refere que teriam sido solicitadas pelo ex-presidente? De quem com quem?

Também gostaria de saber, para poder responder apropriamente, os trechos literais dos texto dos telegramas citados por você, por exemplo o texto do embaixador Paulo Cordeiro e a época. Não posso basear uma resposta na afirmação do Globo da existência de um suposto documento o qual não conheço a formulação nem tenho certeza da existência.

Atenciosamente,

De: O Globo
Para: Instituto Lula

Olá, Chrispiniano

Desculpe a demora. Estava almoçando

Sobre as “ tais reuniões”, refiro-me à intermediação do ex-presidente para que o embaixador do Zimbabue fosse atendido no BNDES, além de reuniões com o primeiro-ministro português no qual atuou a favor da Odebrecht.

Abaixo trechos dos telegramas:

25/10/2014
“Visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lisboa. 25 anos da Odebrecht em Portugal”

RESUMO:
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Lisboa a convite da Odebrecht. Proferiu palestra sobre relações Brasil-Portugal, avistou-se com o PM Passos Coelho, recebeu empresários e participou do lançamento do livro do ex-PM José Sócrates”.

02/05/2014
“A participação brasileira no programa de privatização colhe a simpatia dos formadores de opinião em Portugal. Repercutiu positivamente na mídia recente declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à RTP no dia 27/04 último, no sentido de que o Brasil deve-se engajar mais ativamente na aquisição de estatais portuguesas. O ex-presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF ao PM Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente ao pleito brasileiro”

03/03/2014
BRASIL-Cuba. Visita a Cuba do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (24–27/02)

RESUMO:
"Em atendimento a convite do governo local e com o apoio do grupo COI/Odebrecht, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou visita a Cuba entre os dias 24 e 27/02.”

03/05/2012
“O embaixador Paulo Cordeiro informou que participará, junto com o embaixador do Zimbábue no Brasil, Thomas Bvuma, de reunião com o BNDES em 3 de maio, organizada a pedido do ex-presidente Lula, que se dedicará ao desenvolvimento de infraestrutura na África”.

De: Instituto Lula
Para: O Globo

Caro Chico,

Muito obrigado pelo envio.

Atenciosamente,

De: Instituto Lula
Para: O Globo

Caro Chico,

Tudo bem?

Sim, entre 21 e 23 de outubro o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Portugal, cumprindo uma extensa agenda e essa informação, como todas de viagens do ex-presidente, é pública e foi informada à imprensa na época.

Sobre Cuba, você mencionou, mas não fez nenhuma pergunta, de qualquer forma, segue o texto do release enviado informando a viagem na época, que informa à visita à Mariel: http://www.institutolula.org/raul-castro-recebe-lula-em-cuba

A visita também foi acompanhada pela imprensa internacional, nos links abaixo, as agências EFE e AFP:http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/02/lula-considera-porto-de-mariel-como-referencia-para-america-latina.html

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/02/26/lula-e-raul-castro-percorrem-porto-cubano-financiado-pelo-brasil.htm

Respondo:

1- Por que o ex-presidente atuou a favor da Odebrecht, fazendo gestões junto ao primeiro-ministro português, por exemplo?

O ex-presidente não atuou em favor da Odebrecht , nem fez gestão a favor da empresa. Como o documento mostra ele comentou o interesse da empresa brasileira pela empresa portuguesa. Que, aliás, era público há muito tempo, como indica matéria do jornal Público de outubro de 2013, a qual segue o link: http://www.publico.pt/economia/noticia/odebrecht-interessada-na-privatizacao-da-egf-1608053 São inúmeras as empresas brasileiras que acompanham com interesse o processo de privatizações em curso em Portugal. A Azul empresa brasileira, acabou de comprar a TAP, por exemplo.

2- O presidente recebeu pagamento para fazer lobby para a Odebrecht nas situações citadas acima?

Não. O ex-presidente não recebeu, não recebe e jamais receberá qualquer pagamento de qualquer empresa para dar consultoria, fazer lobby ou tráfico de influencias.

No caso da Odebrecht, como de dezenas de outras empresas, ele recebeu pagamento para fazer palestra para funcionários, empresários ou diretores. E elas foram pagas através de notas fiscais e tiveram seus impostos pagos. Palestras assim são feitas também por diversos ex-presidentes brasileiros e estrangeiros, jornalistas, esportistas e artistas.

3- Por que o ex-presidente agendou uma reunião no BNDES para o embaixador do Zimbabue no Brasil?

O ex-presidente não “agendou uma reunião”, o evento ao qual o telegrama se refere, no dia 3 de maio de 2012, foi público, um grande seminário comemorativo dos 60 anos do banco, com mais de 500 pessoas presentes, entre elas embaixadores ou delegações de todos os países africanos, na sede do BNDES. O seminário em questão teve em sua mesa uma delegação de 10 dirigentes da União Africana, pois o seu tema era o desenvolvimento na África. Não só o embaixador do Zimbábue foi convidado pelo banco, mas os outros 36 embaixadores africanos no Brasil também. O evento foi coberto pela imprensa e foi o primeiro evento público com participação do ex-presidente após o tratamento contra o câncer. Inclusive O Globo também cobriu, vejam essa matéria do G1 e da France Press, segue link:

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/05/lula-critica-paises-ricos-e-fmi-em-seu-primeiro-discurso-publico-apos-cancer.html

O evento também foi noticiado no site do BNDES:http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Sala_de_Imprensa/Noticias/2012/institucional/20120503_seminario.html

4- O ex-presidente costuma intermediar reuniões no BNDES com empresários e mandatários de outros países?

O ex-presidente NUNCA intermediou reuniões de empresários com mandatários de outros países

5- O ex-presidente considera que agiu legalmente ao solicitar tais reuniões?

Vide resposta acima.

6- Como o ex-presidente avalia seus encontros com altos dirigentes da Odebrecht?

Da mesma forma que avaliamos os encontros com quaisquer “altos dirigentes” de outras grandes empresas, dos mesmos setores ou de outros setores como comunicação, financeiro, alimentício, agrícola ou tecnologia. Ou os encontros com dirigentes sindicais, de movimentos sociais, artistas e sindicais etc…

Gostaríamos de complementar dizendo que o Globo fez um grande fuzuê, com manchete de primeira página sobre os documentos do Itamaraty durante a presidência de Lula, mas depois, quando os documentos se tornaram públicos e revelaram a atuação positiva do ex-presidente Lula, não localizamos nenhuma matéria do jornal sobre o assunto, o que talvez tenha causado estranhamento aos seus leitores, que talvez achem que os documentos não foram publicizados. Por isso segue matéria que fizemos sobre os documentos ignorados pelo jornal.