Nordeste produz 2% de toda energia eólica no Brasil, diz ministro
O ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, informou, em entrevista ao Jornal Meio Norte, que 2% de toda a matriz energética do Brasil já tem como fonte a energia eólica no Nordeste e a tendência é que essa energia renovável e alternativa seja ampliada, principalmente porque a região tem a matéria-prima dessa energia em abundância, o vento.
Publicado 18/07/2015 14:15
"Já temos um Parque Eólico no Piauí, na divisa com Pernambuco, em desenvolvimento, e temos uma perspetiva de desenvolvimento em todo o Nordeste porque temos matéria-prima com fartura, que é o vento, não só no litoral, mas também em todo o Nordeste", explica o ministro. E, segundo ele, "o governo tem priorizado essas energia alternativas, não só a energia eólica como também a solar.”
Meio Norte: Em que o Ministério da Ciência e da Tecnologia pode contribuir para a qualificação dos institutos de pesquisa dos Estados do Nordeste?
Aldo Rebelo: O de Teresina é o segundo encontro que eu faço com os governadores do Nordeste tratando do tema da ciência, da tecnologia e da inovação. Foi constituído um Fórum dos Governadores do Nordeste pela Ciência e Tecnologia. Esse fórum estabeleceu uma espécie de plataforma e um programa que estabelecem quais as prioridades regionais e foi estabelecido o que os nove Estados do Nordeste têm em comum para a ciência, tecnologia e inovação e uma plataforma para cada um dos Estados. Quais são as prioridades do Piauí, de Alagoas, de Sergipe, do Maranhão, do Ceará, do Rio Grande do Norte, de Pernambuco, da Paraíba e daí por diante. Oferecemos sempre nessas ocasiões a possibilidade de repassarmos a nossa proposta e ouvir a dos governadores e, a partir daí, tirar o melhor para cada Estado e para a região.
Ministro, uma das reivindicações é que os Laboratórios de Biomassa dos Estados do Nordeste tenham apoio e mais recursos do Ministério da Ciência e da Tecnologia. Como o senhor atende a essa reivindicação?
A energia de biomassa é uma das prioridades para o Nordeste e a biodiversidade da região favorece a busca da alternativa de energia da biomassa. Nós temos pioneirismo na região, as pesquisas mais avançadas e pioneiras do Brasil em relação à biomassa aconteceram no Nordeste. Perdemos recentemente um grande pesquisador, que foi Expedito Parente, no Ceará, e nós temos instituições que já fazem isso como o Instituto do Semiárido, em Campina Grande, na Paraíba. Temos outro instituto em Recife. Então, o mundo e o Brasil se voltam para a energia de biomassa e o Nordeste tem importância por seu pioneirismo e pelo que acumulou em pesquisas.
Em que o Governo Federal tem ajudado o Piauí nas áreas energia solar e energia eólica?
Já temos um Parque Eólico no Piauí, na divisa com Pernambuco, em desenvolvimento e temos uma perspetiva de desenvolvimento em todo o Nordeste porque temos matéria-prima com fartura, que é o vento, não só no litoral, mas também em todo o Nordeste. Isso já é uma realidade hoje, o governo tem priorizado essas energia alternativas, não só a energia eólica como também a solar. Para a energia eólica, houve alternativas de melhor custo-benefício, investimentos com retorno garantido. Eu creio que temos aí um futuro interessante. Hoje, 2% de nossa matriz energética já é oriunda essa fonte, e temos tudo para que isso seja ampliado.
Quais as novas pesquisas que o Ministério da Ciência e Tecnologia pode ajudar em seu desenvolvimento no Piauí e no Nordeste?
Pesquisas precisam de recursos porque pesquisa é uma atividade intensiva, que precisa de recursos humanos e equipamentos. Nós formamos recentemente no Nordeste milhares de pesquisadores com cursos de mestrado, doutorado e esses mestres e doutores precisam de recursos para continuar pesquisando. Não adianta você formar um mestre, formar um doutor e ele não pesquisar porque em pouco tempo o que pesquisou já estará defasado. Então, estamos procurando recursos para a manutenção de pesquisas nas instituições de pesquisas e universidades do Nordeste porque só desse jeito eles vão permanecer no Nordeste. Não adianta formar doutores e mestres e não fornecer possibilidade de pesquisa e não dar recursos porque eles vão procurar as condições de pesquisa onde existirem.
Os secretários de Ciência, Tecnologia e Inovação do Nordeste discutiram em Teresina a possibilidade de investimentos na compra de equipamentos para dessalinização das águas do mar para o enfrentamento da seca e desenvolvimento do agronegócio na região nordestina. O projeto tem visibilidade?
A dessalinização tem toda a tecnologia plenamente dominada, o mundo inteiro já usa e é possível que seja também usada no Brasil.
Não causa poluição?
Depende da eficiência do processo quando você tem água doce é melhor do que água salgada. A minha impressão é que o Brasil dispõe de muita oferta de água doce. Agora se a pesquisa disponibiliza meios de usar a água dessalinizada, eu não vejo porque essa possibilidade deva ser descartada.
Qual o nível do Brasil em termos de pesquisa?
Nós ainda estamos em uma situação um pouco confortável. Agora é preciso dizer que nós avançamos muito nos últimos dez anos. Nós praticamente dobramos o número de mestres e doutores no Brasil, nós praticamente dobramos a nossa presença em pesquisas e publicações nas principais revistas do mundo, nós evoluímos bastante, mas nós precisamos evoluir muito mais para termos uma posição compatível com o nosso desenvolvimento econômico. Nós somos a 7ª economia do mundo, mas em inovação e publicação de trabalhos, nós estamos muito atrás dessa posição.